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Editorial        



 
António Fidalgo

As vacas magras

Eis que depois das vacas gordas, aí vêm as magras. A gasolina subiu, as mensalidades ao banco pelo empréstimo da casa subiram, e as expectativas de melhores salários baixaram. A isso chamamos as vacas magras da nossa economia. De quem é a culpa? Deste governo de pouco governo ou de toda a sociedade portuguesa que o elegeu e que durante anos o aparicou nas sondagens e há menos de um ano lhe deu a maioria nas urnas de voto? Creio que a culpa é do governo, por não governar, e de todo o eleitorado que quis um governo de pouco governo. Há que não fugir com o rabo à seringa. A culpa das nossas vacas magras, quando a economia mundial e, sobretudo, a europeia entram numa fase de vacas gordas, é de todo o país, da maioria que se convenceu que poderia chegar, sem trabalho, ao patamar de desenvolvimento dos países europeus mais desenvolvidos.
Sem trabalho nada se consegue, e o que vemos hoje na sociedade portuguesa é todo um clima de facilitismo, como se as coisas não fossem ganhas com o suor do rosto. As escolas são um exemplo bem explícito do que se passa. As notas de matemática e de física são uma miséria. O pessoal acha que não precisa de estudar a sério, de queimar as pestanas, que há-de haver sempre um desenrascanço tipo chico-esperto para o problema. Trabalhar no duro é que a malta não quer. Ao fim e ao cabo é este o nosso problema, um problema de séculos, basta ler a conferência do casino do Antero de Quental sobre as causas da decadência dos povos peninsulares.
A solução não está em clamar contra o governo, contra os deputados. A solução esté em cada um começar por si e dar o melhor de si, cumprindo pura e simplesmente o seu dever.

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