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Festival levou milhares de jovens ao Sudoeste
Na rota da música

POR CATARINA MOURA


A rota da música está definida: Vilar de Mouros, Carviçais, Sudoeste, Paredes de Coura, Ilha do Ermal e, pela primeira vez este ano, Tejo e Arcos de Valdevez. Os festivais de Verão estão aí, arrastando milhares de jovens por todo o País. No último fim-de-semana, mais de 30 mil reuniram-se na costa alentejana, junto à Zambujeira do Mar, para a terceira edição do Festival do Sudoeste. O Urbi esteve lá e conta como foram estes três dias.

Sabemos que estamos a chegar ao Sudoeste quando, à beira da estrada, começam a aparecer as primeiras tendas. De repente, o alcatrão dá lugar à terra batida e as árvores a um descampado de quilómetros onde, além do recinto do festival, se encontram já milhares de pessoas, tendas e carros, todos mergulhados numa imensa nuvem de pó que uniformiza a paisagem.
É sexta-feira, primeiro dia dos três que compõem o Festival do Sudoeste, e a costa alentejana vê-se inundada de gente vinda de todos os cantos do País. Gente que não pára de chegar e que, ao longo do fim-de-semana, ultrapassará a fronteira dos 40 mil, número inédito neste tipo de eventos. Mas o cartaz, apesar de pouco arrojado, é forte e justifica a adesão massiva. Pelos dois palcos montados no recinto desfilaram, em apenas três dias, alguns dos nomes que maior furor têm causado em Portugal nos últimos tempos.
Para o primeiro dia o Palco Principal esteve reservado exclusivamente à música inglesa, com Elastica, Placebo, Beck e Bush a darem, à vez, o seu melhor, levando o público ao rubro. Pelo Palco Blitz, destinado a bandas jovens e pouco conhecidas, desfilaram Slamo, Austin e os Atomic Bees.
No Sábado, a tarde foi animada pelos Woodstone, Caffeine e More República Masónica, que actuaram no Palco Blitz. Ainda a noite vinha longe quando se ouve, finalmente, cantar em português, com os Ala dos Namorados a abrir o Palco Principal. Segue-se a fúria dos Bloodhound Gang, a doçura dos muito aclamados Lamb e a sensualidade algo kitsch de Moloko.
Para a última noite do Sudoeste ficaram os Da Weasel, Morcheeba, Guano Apes e meia hora de Oasis que, aborrecidos com a atitude pouco amigável do público, abandonaram o palco sem intenção de voltar. Quanto aos espectadores dos "concertos Blitz", tiveram no domingo a actuação dos Outbreak, Stealing Orchestra e Balla.

Maré cheia

Um dos momentos altos do fim-de-semana foi o nascimento da Dânia. No sábado, a mãe estava a trabalhar nas bilheteiras quando entrou em trabalho de parto. A bebé acabou por nascer no Hospital de Beja, mas recebeu um passe vitalício para o Festival do Sudoeste. De resto, os médicos de prevenção trataram sobretudo alergias, picadas de insectos, queimaduras solares e cabeças partidas. Também a GNR não foi chamada a resolver grandes confusões, passando o fim-de-semana ocupada sobretudo com a difícil gestão do trânsito.
Durante o dia, o calor arrastava a multidão para as praias das redondezas. Zambujeira, Almograve e Vila Nova de Milfontes viram-se inundadas por uma maré de pessoas que buscava nas suas águas frias algum conforto para o calor e o pó excessivos que se sentiam na Herdade da Casa Branca, onde há já quatro anos se realiza o Festival do Sudoeste.
Com o fim da tarde, as estradas entupiam-se de carros cobertos de pó - apenas a primeira das filas intermináveis a enfrentar a partir daí, para tomar banho, para comer, para entrar no recinto... Desafio só superado pela dificuldade de encontrar os amigos e as tendas, sobretudo à noite, depois de terminados os concertos, quando todas pareciam iguais e a aliança cansaço - charro - bebida tornava tudo ainda mais difuso.
Dormir? Pouco. Não só porque o terreno era irregular e incómodo ("pormenor importante quando debaixo de nós temos apenas um saco-cama"), mas sobretudo por causa dos insectos e do barulho. Desta vez não se escutaram "Oh Elsa" nem sequer o mais recente "Get Upaaaaa", mas os amantes dos "jambés" não davam descanso até ao nascer do dia, altura em que o calor começava a apertar e o sono se recusava definitivamente a vir.
Além do barulho, as queixas dos festivaleiros vão sobretudo para a pouca iluminação do parque de estacionamento e para os preços praticados nas tendas do recinto onde, a título de exemplo, uma garrafa de água ou um pequeno copo de cerveja ou gasosa se vendiam a 200 escudos. "PC", como prefere ser chamada, refere ainda "a falta de actividades paralelas, que nos outros anos eram muito curtidas, com desportos radicais e assim... Este ano temos só a tenda chill-out e a feira de roupas e artesanato. Está pobre".
Na segunda-feira, os rostos acordam cansados de vários dias a beber muito, comer pouco e dormir ainda menos. As tendas começam a ser desmontadas, a roupa suja é empacotada à força nas mochilas e, pouco a pouco, as "pulseiras azuis" vão abandonando a Herdade da Casa Branca. Até ao ano seguinte.

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