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UBI com falta de verbas
Defesa do património comprometida

POR IVONE FERREIRA
        E MARIANA MORAIS

A descoberta da Tinturaria da Real Fábrica de Panos no edifício destinado ao Instituto Politécnico da Beira Interior, criou na UBI o desejo de fomentar uma política de preservação do património histórico da cidade da Covilhã. A reitoria da Universidade da Beira Interior adiantou ao Urbi que caso não cheguem verbas adicionais, a UBI terá que optar por construir edifícios de raiz.


A antiga Fábrica Transformadora de Lãs
foi transformada pela UBI no edifício II das Engenharias

O prosseguimento das obras que a UBI tem vindo a fazer em edifícios degradados e considerados de valor histórico poderá estar em risco. A falta de atenção do Ministério da Cultura à recuperação de edifícios por parte das universidades, faz com que muitas destas optem por construir de edifícios de raiz, ficando o património de cada cidade ao abandono.
A Universidade da Beira Interior, para além de desenvolver actividades ligadas ao saber, tem dedicado especial atenção ao património histórico da cidade da Covilhã. O convento de Santo António é apenas um dos frutos resultantes da estratégia de preservação do património, levada a cabo pela UBI. Acrescenta-se ainda a recuperação da Empresa Transformadora de Lãs, e a instalação do Museu de Lanifícios no local da Real fábrica de Panos, entre outros.
Mário Raposo, vice-reitor da Universidade da Beira Interior, assume a preservação do património como uma estratégia declarada por parte daquele estabelecimento de ensino. "Desde a sua criação, a universidade aposta em ocupar edifícios que constituem o património da Covilhã, tendo em vista também a valorização da cidade em termos urbanísticos e arquitectónicos", afirma aquele responsável.
Mário Raposo considera ainda "ser da competência de cada universidade e da UBI em particular, contribuir para a valorização dos valores culturais e patrimoniais da cidade em que se insere". O problema surge quando a aplicação desta ideia à prática obriga a um orçamento mais elevado do que envolveria a construção de um novo edifício.
À Universidade da Beira Interior cabe gerir as verbas que lhe são atribuídas pelo Ministério da Educação, mas estas chegam apenas para assegurar o funcionamento da universidade, cobrir as despesas de pessoal e manter em funcionamento os laboratórios. "Não há mais do que isso", afirma o vice-reitor da UBI.
Para construir um edifício novo a Universidade da Beira Interior precisa de sujeitar orçamento e plano de obras do edifício ao parecer do Ministério da Educação. "A nível deste ministério, há o conhecimento de que quando estão a dar à UBI uma certa verba, estão a contribuir para a preservação de um determinado património existente nesse edifício", explica Mário Raposo.
Da parte do Ministério da Cultura não tem chegado qualquer tipo de incentivo à recuperação do património histórico. "Obviamente o Ministério da Cultura devia dar alguma atenção a este tipo de espaços nas universidades. Criar um financiamento autónomo seria fundamental, mas até agora isso não se tem verificado", declara aquele representante da reitoria.

 

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