Mudança para nova sede
pode solucionar crise
Passivo "fecha"
Clube Nacional de Montanhismo
POR ALEXANDRE SILVA*
O Clube Nacional de Montanhismo
suspendeu todas as actividades desportivas e culturais. Um passivo
de mais de cinco mil contos está na origem da drástica
medida.
O Clube Nacional de Montanhismo
(CNM) está de portas fechadas. A colectividade encerrou
a sede e suspendeu temporariamente todas as actividades em virtude
dos graves problemas económicos que atravessa.
"A decisão foi tomada em reunião dos órgãos
sociais do clube há três semanas", adianta
José António Pinho, presidente da associação.
E continua: "Neste momento, o mais urgente é a amortização
de um passivo que ascende aos cinco mil contos. Um problema que
a autarquia, na pessoa do seu presidente, Carlos Pinto, prometeu
solucionar em pouco tempo".
Na última semana alguns órgãos de comunicação
regionais, veicularam informações que davam conta
de um azedamento de relações entre o CNM e a Câmara
da Covilhã, em especial com Joaquim Matias, vereador com
o pelouro do associativismo. José Pinho, no entanto, em
declarações ao NC, minimiza a questão e
afirma que "tudo não passou de um mal entendido,
fruto de uma má interpretação das minhas
palavras".
Em relação ao suposto antagonismo com o vereador,
José Pinho afirma não existirem divergências
graves, mas "apenas pontos-de-vista diferentes sobre determinados
assuntos, nomeadamente em relação aos subsídios".
Segundo a autarquia, o CNM recebeu, desde 1998 até 2000,
quase 13 mil contos. Número que, segundo o dirigente associativo,
não é exagerado. "Não nos podem acusar
de despesistas, pois só em três edições
do Carnaval da Neve foram gastos 11 mil contos dessa verba. Dinheiro
esse, argumenta, representa apenas uma ínfima parte do
custo total do evento. Além disso, continua: "Nunca
dissemos que a Câmara nos dá pouco dinheiro. Mas
também não é justo dizer que somos privilegiados
ou que recebemos dinheiro a mais"
Sede nova para receitas próprias
De qualquer modo, e na opinião de José Pinho, a
actual crise do clube não se deve a nenhum acto de má
gestão dos subsídios camarários por parte
das sucessivas direcções. Para o presidente do
Clube de Montanhismo, o problema tem origem na falta de uma sede
capaz de gerar receitas. "Uma casa como a que albergou o
CNM até 1987. Dispunha de serviço de restaurante,
bar e salão de jogos, e de onde o clube foi obrigado a
retirar-se depois de uma acção de despejo interposta
pelo proprietário", afirma.
O grémio mudou-se, então, para uma casa na Rua
Pedro Álvares Cabral, mas devido à deterioração
do edifício foi obrigado a mudar novamente para a actual
sede, na Rua Ruy Faleiro.
Na altura da primeira mudança, a Câmara da Covilhã,
assegura José Pinho, "comprometeu-se a pagar a renda
de quase 130 contos por mês, até que se encontrasse
uma solução definitiva. O que é certo é
que só os primeiros dois ou três pagamentos foram
feitos". Só isto, considera, significa um prejuízo
para o clube de cerca de 9500 contos.
"Como não temos sede, também não há
sócios", argumenta. E refere ainda que, "o número
de associados do clube diminuiu de 3000 para 900 quando a sede
deixou de proporcionar as condições necessárias
à pratica da maioria das actividades". Contudo, o
presidente do CNM afirma já ter a garantia pessoal de
Carlos Pinto de que esse problema vai ser resolvido.
Apesar de encerrada a sede, os órgãos sociais do
clube, garante o dirigente, vão continuar activos. Para
já, o próximo passo é elaborar o plano de
actividades para o ano 2001. Documento que vai ser entregue na
Câmara Municipal no dia 31 de Outubro. "Como sinal
de que, apesar das dificuldades, o clube está bem vivo",
conclui José Pinho.
* NC / Urbi et Orbi
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