Nova licenciatura da UBI apresentada
no Teatro-Cine
A moda a três dimensões
POR CATARINA MOURA
O velho palco empoeirado do
Teatro-Cine da Covilhã deu lugar a uma passerelle por
onde desfilaram rostos, corpos e nomes que, habitualmente, só
vemos a uma ou duas dimensões. O mundo da moda nacional
saltou das revistas e dos ecrãs directamente para a Festa
da Moda. Um evento com o qual a Universidade da Beira Interior
quis apresentar a nova licenciatura em Design Têxtil e
do Vestuário, que entra em vigor já no próximo
ano lectivo. Uma lufada de ar fresco para o cine-teatro, para
a cidade e para a indústria têxtil local e regional.
Quinta-feira, 20 de Julho. 21h30.
A entrada do Teatro-Cine da Covilhã está repleta
mas continua a chegar gente. Roupa nova, sorrisos maquilhados,
côr, ninguém quer destoar numa festa que se pretende
"da moda". Aqui e ali, os flashes dos fotógrafos
chamam a atenção para rostos conhecidos. O ambiente
é selecto e a entrada, permitida dali a nada, é
filtrada a convite. No final, a casa estava cheia e as estimativas
apontavam para cerca de mil pessoas presentes.
22h30
Tudo pronto para o início da Festa da Moda. Depois de
uma voltinha no hall, observando calmamente a exposição
de tecidos e texturas aí apresentada, os convidados subiram
e ocuparam os seus lugares.
O palco do Teatro-Cine estava irreconhecível, coberto
por uma longa passerelle a fazer lembrar programas de televisão.
Após a curta exibição de alguns músicos
da Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI), Manuel
Serrão, um dos organizadores do evento, e Madalena Pereira,
docente do curso de Engenharia Têxtil na UBI, subiram ao
palco e introduziram o desfile que, durante as próximas
quatro horas, prenderia a atenção geral. Pela passerelle
passaram rostos e nomes bem conhecidos da moda nacional. Evelina
Pereira, Nuno Franco, Vera Deus e Miguel Dhafis, entre muitos
outros, deram corpo às novas colecções Outono
/ Inverno de estilistas como Nuno Gama, Fátima Lopes,
Miguel Vieira e Luís Buchinho.
Moda Covilhã
Para Manuel Serrão, um
dos principais organizadores do Portugal Fashion e vice-presidente
da Associação de Jovens Empresários (ANJE),
a Festa da Moda "é uma mensagem de esperança
no futuro da universidade e dos têxteis portugueses".
A iniciativa, que custou à UBI mais de 8 mil contos, contou
com o patrocínio de diversas empresas da região
e com o apoio da Câmara Municipal da Covilhã, que
cedeu a sala e se responsabilizou pelo acolhimento dos estilistas
e manequins convidados. Sublinhando a importância de descentralizar
este tipo de eventos, o edil da autarquia, Carlos Pinto, considera
que esta Festa pode ser o prenúncio de uma "Moda
Covilhã". Nesse sentido, revela já existir
"algum entendiemento com Manuel Serrão no sentido
de nos encontrarmos nas férias para de alguma forma planearmos
o desfile do próximo ano". O objectivo, continua
Carlos Pinto, é a criação de "um festival
de moda que se imponha a nível nacional e que possa divulgar
os têxteis e as empresas de vestuário aqui da zona".
Formação é
essencial
Ao celebrar os 25 anos da licenciatura
em Engenharia Têxtil, a UBI prepara-se novamente para exercer
um papel decisivo na adaptação da indústria
local e regional ao fluir dos tempos e à mudança
por ele acarretada. Consciente da importância de formar
técnicos superiores para servir uma indústria com
graves lacunas a esse nível, aposta agora numa área
em plena expansão, o Design Têxtil e do Vestuário.
Reunidas as condições materiais e humanas, o objectivo
agora é promover a interligação entre concepção
e produção.
Para Miguel Gigante, um dos estilistas convidados, "ter
formação é, cada vez mais, garantia de profissionalismo.
Logo, é muito importante que existam estes cursos".
O estilista refere ainda a importância da vinda destes
eventos para o Interior. "A moda não pertence só
ao Porto, ou só a Lisboa. E é bom que as pessoas
possam vê-la ao vivo e senti-la", conclui. |