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Benvindos ao fantástico imaginário
da fotografia digital. A fotografia começou por ser um
olho desejoso de realidade. Queria ver-se o que as coisas eram.
Queria-se a verdade, os factos no seu tempo e espaço próprios.
A magia vinha do momento decisivo, da presença, do testemunho.
Não deixou de ser assim. Apenas se descobriram novas formas
de ver.
A fotografia nunca foi puro realismo. Montagem, encenação,
pose, ficção foram algumas das formas encontradas
por grandes mestres e experimentadores ao longo da sua história
para fazerem da relação do olhar fotográfico
com o tempo e o espaço um jogo, para convocarem fantasmas
e fantasias. Há um ascetismo fotográfico, claro,
um desejo de captar o imediato, o acaso, uma vontade de fidelidade
que se mantém. O que a fotografia digital vem acrescentar
é uma possibilidade de onirismo, construção,
fraude, drama. Vem inquietar o lugar do espectador e libertar
visões no artista. A verdade não é já
o que era. A tradição também não.
Nem o mundo. Olhar, ver e ler são actos cada vez menos
inocentes. Novas exigências desafiam-nos, novas mentiras,
novos imaginários.
A fotografia nesta página contém (mas será
preciso sabermos isso?): imagens submarinas e golfinhos captadas
em Miami, um pescador de Madagáscar e vistas da cidade
de Nova Iorque. O que resulta daí? Uma visão inédita,
uma ficção fotográfica, uma lenda, a possibilidade
de espanto e magia.
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