Clique aqui para regressar à Primeira Página

      

Objectivamente   


  Chayan Khoi
do outro lado do espelho
 
 

                                                                                                                                 por Luís Nogueira

  Benvindos ao fantástico imaginário da fotografia digital. A fotografia começou por ser um olho desejoso de realidade. Queria ver-se o que as coisas eram. Queria-se a verdade, os factos no seu tempo e espaço próprios. A magia vinha do momento decisivo, da presença, do testemunho. Não deixou de ser assim. Apenas se descobriram novas formas de ver.
A fotografia nunca foi puro realismo. Montagem, encenação, pose, ficção foram algumas das formas encontradas por grandes mestres e experimentadores ao longo da sua história para fazerem da relação do olhar fotográfico com o tempo e o espaço um jogo, para convocarem fantasmas e fantasias. Há um ascetismo fotográfico, claro, um desejo de captar o imediato, o acaso, uma vontade de fidelidade que se mantém. O que a fotografia digital vem acrescentar é uma possibilidade de onirismo, construção, fraude, drama. Vem inquietar o lugar do espectador e libertar visões no artista. A verdade não é já o que era. A tradição também não. Nem o mundo. Olhar, ver e ler são actos cada vez menos inocentes. Novas exigências desafiam-nos, novas mentiras, novos imaginários.
A fotografia nesta página contém (mas será preciso sabermos isso?): imagens submarinas e golfinhos captadas em Miami, um pescador de Madagáscar e vistas da cidade de Nova Iorque. O que resulta daí? Uma visão inédita, uma ficção fotográfica, uma lenda, a possibilidade de espanto e magia.
 


 [ PRIMEIRA PÁGINA ]