António
Fidalgo |
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Estudar
Espanhol
De costas viradas durante
séculos, os países ibéricos descobrem-se
por via da integração europeia. As fronteiras caíram,
as trocas comerciais aumentaram extraordinariamente, o intercâmbio
de pessoas é agora intenso. Estas realidades bem reais
não poderiam deixar de ter consequências na cultura
e na educação em Portugal. O perfeito desconhecimento
que a grande maioria dos portugueses têm da história
e da cultura espanholas, nomeadamente da literatura, não
pode, e não deve, manter-se.
Um passo essencial na aproximação dos dois países
ibéricos é o ensino da língua do outro nas
escolas secundárias e superiores. É descabido aprender-se
francês ou alemão nas escolas portuguesas e não
se poder aprender espanhol. Não é só a proximidade
geográfica que impõe uma alteração
neste estado de coisas, mas também a afinidade histórica,
social e cultural. A nossa literatura, sobretudo a da época
de ouro, dos séculos XVI e XVII, deve muito mais à
literatura espanhola do que a qualquer outra.
Em Espanha investe-se já na língua portuguesa.
A Universidade da Extremadura, em Cáceres, é um
exemplo. A criação de um Departamento de Estudos
Portugueses levou a que o número de estudantes espanhóis
a aprender português subisse impressionantemente. Em 10,
11 e 12 de Novembro de 1999 a mesma universidade organizou o
1º Congresso de Lusitanistas Espanhóis. É
a altura de as universidades portuguesas, em particular as de
fronteira, corresponderem com o ensino da língua e da
cultura espanholas.
Além do mais, português e espanhol são hoje
línguas mais faladas que o francês e o alemão
e o seu peso na cena tem vindo a aumentar ao contrário
daquelas que têm vindo a decrescer de importância.
Basta olhar para os anglófonos Estados Unidos da América
onde o espanhol é claramente a segunda língua.
Com a América Latina e a África as línguas
ibéricas estão difundidas pelo mundo como nenhuma
outra língua, à excepção do inglês.
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