Belmonte e Valhelhas
Autarcas planeiam investimentos
em zonas balneares
POR RICARDO GUEDES PEREIRA E SÓNIA
ALVES
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A projecção de
uma "aldeia olímpica"
vai servir de apoio à praia de Valhelhas
Há quem prefira um bom
banho de rio às ondas do mar. Muitos são aqueles
que não dispensam uns dias de férias nas praias
fluviais da Cova da Beira. Belmonte e Valhelhas, ambas "banhadas"
pelo rio Zêzere, exploram este recurso fluvial.
Ricardo Sousa, 21 anos, operador de telemarketing, é um
admirador das praias do Interior português. Reside em Lisboa,
mas desde há sete anos que se desloca até Valhelhas
para "passar uma semana ou 15 dias, conforme o tempo de
férias", explica. Teve conhecimento desta zona balnear
através dos seus familiares que residem na Covilhã.
Experimentou acampar um ano no Parque de Campismo. Gostou e aconselha
o local aos amantes da natureza.
Valhelhas, vila do concelho da Guarda, preocupa-se em conservar
as raizes históricas e o meio ambiente. Um Parque de Campismo
"devidamente arranjado", espaço para merendas
e um campo de futebol, são as infra-estruturas oferecidas.
Quem por ali passa, portugueses, holandeses e ingleses, não
poupa elogios ao local. Todos partilham da opinião de
que a praia de Valhelhas "é limpa e tem boas condições
para se passar uns belos dias". Não faltam contentores
do lixo e as pessoas respeitam o ambiente.
Os testes da Sub-Região de Saúde da Guarda indicam
que Valhelhas é uma praia que dispõe de água
de "qualidade aceitável". No ano passado, as
análises detectaram "uns certos problemas na qualidade
da água", recorda o presidente da Junta de Freguesia,
Armando Pinto. No entanto, afirma que o problema está
ultrapassado e acredita que não vai repetir-se.
O autarca sente-se orgulhoso do espaço que ajudou a construir.
Sustenta ter sido um dos lutadores pela concessão de infra-estruturas
à população de Valhelhas e, em particular,
do Parque de Lazer. A construção da praia fluvial
foi uma das suas apostas e promete continuar a segui-la. Por
isso, afirma, "estamos constantemente a fazer obras".
E acrescenta: "O ano passado reformulamos toda a electrificação
e já fizemos uma correcção no leito de toda
a área do Parque".
Valhelhas "sem apoios
da Câmara da Guarda"
Os visitantes do Parque de Lazer de Valhelhas não tecem
críticas ao local, mas de acordo com o presidente da Junta,
ainda há muito para fazer, com vista a melhorar o espaço.
A ampliação da recepção do Parque,
para dotá-la de um salão, é um objectivo
imediato de Armando Pinto. O projecto está na Câmara
Municipal da Guarda desde Novembro.
Armando Pinto diz ter em mente a construção de
uma "aldeia olímpica, com um campo de ténis
e um salão de convívio". O terreno também
já está pensado. Segundo o presidente da Junta
"falta a presidente da Câmara da Guarda classificá-lo
de utilidade pública". A necessidade de uma unidade
hoteleira é outra das exigências da aldeia.
Para concretizar tais projectos, a Junta reclama o apoio da autarquia.
Armando Pinto acusa a Câmara Municipal guardense de não
lhe prestar o devido apoio. Tudo o que é feito, acrescenta,
no Parque de Lazer tem sido suportado pela Junta, com alguns
lucros que dali advêm. As receitas das entradas no Parque
de Campismo servem para pagar aos empregados e a renda do bar
destina-se à conservação do local.
Escuteiros vigiam zona balnear
de Belmonte
Também Belmonte possui uma praia fluvial. Uma área
mais pequena que Valhelhas, mas igualmente apreciada pelos visitantes.
Um espaço "agradável", com bastante arvoredo,
jogos para as crianças, mesas de merendas e "kayakes"
para alugar.
O espaço pertence à Câmara Municipal, mas
é explorado pelos Escuteiros de Belmonte. Quando ali chegaram,
há dois anos, o grupo encontrou "um local cheio de
mato", afirma Elsa Caetano, um dos elementos. E acrescenta:
"Tivemos muito trabalho e ainda temos porque há mesmo
muito mato. Vamos continuar a trabalhar".
A responsável garante que as condições oferecidas
são "razoáveis". Um bar e dois balneários
são as estruturas de apoio ao Parque. O investimento feito
pela autarquia de Belmonte foi financiado pelo II Quadro Comunitário
de Apoio. Investimento que atingiu, segundo o presidente da autarquia,
Dias Rocha, 35 a 40 mil contos.
O local também carece de divulgação. De
acordo com Elsa Caetano, "durante a semana há pouca
gente, só aos fins-de-semana é que enche um pouco
mais". Como forma de dar a conhecer o local, os escuteiros
prometem apostar na realização de várias
actividades. Há um mês organizaram um acampamento,
no qual promoveram alguns desportos, como "paintball"
e "slide". Em mente já estão novas actividades.
Dias Rocha ressalta que o espaço onde se encontra a praia
fluvial "não é uma obra terminada, é
uma obra em continuidade". O autarca refere-se aos investimentos
que projecta concretizar no local. A construção
de um parque de campismo é uma das metas a atingir a "médio
prazo". Infra-estrutura que vai permitir "rentabilizar
o espaço" e pretende servir de apoio às actividades
da Associação Cristã da Mocidade (ACM).
As duas entidades vão, em breve, celebrar um protocolo.
Em termos de qualidade da água da praia fluvial de Belmonte,
Dias Rocha assegura que não há qualquer problema.
As análises são efectuadas pela Delegação
de Saúde de Belmonte e por uma entidade privada. Os últimos
testes foram realizados há duas semanas. A Delegação
ainda não transmitiu os resultados à autarquia,
mas a entidade privada garante que "em termos bactereológicos
a água está boa." |