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Conversas de Educação na UBI

POR IVONE FERREIRA
        E MARIANA MORAIS

Educação, sexualidade e os problemas na adolescências foram alguns dos assuntos focados nas 1 ªs Conversas sobre Educação. Resultado de uma iniciativa conjunta de professores e alunos das licenciaturas via ensino da Universidade da Beira Interior, o dia 3 de Julho foi reservado para o debate destes temas. Organizadores e participantes mostraram-se satisfeitos com os resultados obtidos.

No dia 3 de Julho realizaram-se, no anfiteatro I do pólo I da UBI, as 1 ªs Conversas sobre Educação. A iniciativa partiu de duas docentes da UBI, Maria de Fátima Simões e Graça Esgalhado, em colaboração com alunos das quatro licenciaturas da via ensino leccionadas na Universidade da Beira Interior. A base das conversas assentou nos trabalhos desenvolvidos pelos alunos, no semestre passado, para as cadeiras de Psicologia Educacional, Métodos e Técnicas de Educação, Organização e Gestão da Educação e História e Epistemologia da Educação.
O encontro visou promover as competências sociais e de comunicação dos alunos, divulgar à academia o trabalho do departamento de Ciências da Educação, e promover o debate. Nestas conversas estiveram também presentes professores de algumas escolas do concelho, o que permitiu dar a conhecer experiências adquiridas na prática do ensino.
A abertura foi presidida pelo prof. Mário Raposo, vice-reitor da UBI. Salientando o excesso de professores em algumas áreas de ensino, este considerou a situação contraditória, tendo em conta a existência em Portugal de um nível de iliteracia dos mais elevados da Europa. "É um desafio premente, que se coloca ao País, apostar na educação", concluiu o vice-reitor da UBI.

Psicologia educacional e sexualidade

Os trabalhos iniciaram-se pelas 10 horas, com uma comunicação de Fátima Simões abordando A Psicologia Educacional na formação de Professores. Aquela docente da UBI salientou a importância da co-aprendizagem entre professores e alunos, devendo cada professor compreender-se como um aprendiz na sala de aula. Mas mais, a profissão de professor exige "o saber, o saber fazer e o saber ser", defendeu. Mereceu também destaque a compreensão da criança como um ser único, igual a si próprio, com necessidades afectivas únicas. "É necessário que os professores saibam explorar a criatividade dos alunos e acompanhá-los pois ter um QI elevado não é condição suficiente para um desenvolvimento harmonioso".
As comunicações apresentadas pelos alunos, na parte da manhã, reflectiram sobre os temas da adolescência e da sexualidade na adolescência. Os futuros professores deram ênfase aos problemas vividos pelos adolescentes, problemas esses aos quais os professores não estão preparados para dar resposta. A adolescência caracteriza-se por uma série de importantes e complexas mudanças a que os professores não podem estar alheios.
Na opinião de Fátima Simões "a educação sexual é uma área transdisciplinar onde deverão participar professores de diversas disciplinas, incluindo biólogos".
Durante a tarde foram apresentadas várias comunicações versando diversas teorias da motivação bem como uma evolução cronológica da educação.

Educar é comunicar

O ponto mais alto destas 1ªs Conversas atingiu-se com a comunicação do Dr. Mário Anacleto, professor no Conservatório de Música da Maia, subordinada ao tema O professor como líder na escola e na vida: o desenvolvimento pessoal como chave e motor do sucesso. Dando mostras de dinamismo e elevada capacidade de comunicação, Mário Anacleto afirmou que enquanto professor e aluno estiverem de costas voltadas não pode existir sucesso escolar. A chave é o amor, amar alguma coisa todos os dias. "Um professor é um servidor dentro de um sistema de prestação de serviços. O aluno é o seu cliente" declarou Mário Anacleto.
A situação presente do ensino no nosso País está longe de ser perfeita. "Este não é o sistema perfeito. Deveria ser compreendido que nem todos os alunos conseguem ou pretendem chegar lá acima. È necessário conceber um sistema que dê ao aluno ensinamentos práticos que lhe permitam ganhar o pão. A escola tem de saber dar o pão às pessoas". O 13 ºano, recentemente introduzido no sistema de ensino português, servirá, na opinião deste professor, para reter a juventude mais tempo na escola e subtraí-la ao desemprego, de uma forma artificial.

Objectivos alcançados

No final das 1ªs Conversas, Fátima Simões mostrou-se satisfeita com os resultados obtidos nesta primeira iniciativa. "Estamos muito satisfeitas. Os alunos estiveram muito bem, muito à vontade. Os trabalhos estavam bastante bons. Muito bem interligados. Da parte da plateia recebemos o testemunho de algumas experiências que foram bastante interessantes", declarou a docente da UBI.
Teresa Barata, aluna da licenciatura em Física - Ensino, mostrou-se contente com o resultado da iniciativa. "Esta proposta quando nos foi lançada era para nós uma utopia. Foi concretizada, e a nosso ver foi concretizada com sucesso. "
Jorge Silva, de 20 anos, aluno do 3º ano de Física - Ensino declarou ao Urbi ter achado estas conversas "muito interessantes. Iniciativas como estas são muito importantes para a formação de professores. Verifiquei que estiveram aqui não só futuros professores como também actuais. Para uns e para outros a iniciativa foi muito proveitosa."
Durante as Conversas, os participantes tiveram oportunidade de visitar uma Feira do Livro que contou com a participação de três livrarias. Na entrada do anfiteatro estavam expostos os trabalhos que permitiram a realização destas 1 ªs Conversas. O final ficou marcado por um apontamento musical a cargo do grupo Pifaradas e Zambujadas dos pastores de Unhais da Serra.

 

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