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Opinião       



 

 
José Geraldes*
 

Exigências dos bombeiros:
justas e oportunas

Os bombeiros desempenham um papel insubstituível na segurança de bens e pessoas. Trata-se de uma verdade de La Palisse. Mas escrever esta afirmação com base na técnica social da repetição faz lembrar coisas fundamentais. E tanto mais que a memória dos homens é curta.
Se aos bombeiros se reconhece uma acção social de responsabilidade, então há que dar-lhe os meios necessários para levarem a cabo as tarefas que lhes são cometidas. A comemoração dos 125 anos dos Bombeiros Voluntários da Covilhã merece que sejam sublinhadas as exigências feitas. Exigências justas já debatidas no I Encontro Nacional de Autarquias e Bombeiros realizado na cidade serrana, no passado dia 29 de Abril do ano corrente, que juntou três centenas de pessoas de todo o país.
E não se diga que se cai no sectarismo quando se abordam problemas de importância vital para a sociedade. Vivemos em regime de democracia. A opinião é base de aperfeiçoamento das instituições democráticas. Da opinião nascem o diálogo e a discussão de ideias. Por isso, a opinião torna-se instrumento de construção democrática e do diálogo.
Os discursos das comemorações dos 125 anos, focaram em concreto os meios técnicos e a criação dos Grupos Permanentes de Intervenção. No I Encontro a tónica das comunicações incidiu largamente sobre estes aspectos. Mas, passados estes meses, ainda está a ser elaborado o esquema da distribuição do equipamento em relação à sua distribuição no ano 2001. Uma promessa de sabor a rebuçado foi deixada de que os Bombeiros Voluntários da Covilhã não serão esquecidos. Daqui a um ano ver-se-à se a promessa pública é cumprida.
Uma das conclusões do I Encontro Nacional de Autarquias e Bombeiros apela "à regulamentação urgente de Grupos Permanentes no seio das corporações de bombeiros voluntários. O secretário de Estado Adjunto da MAI (Ministério da Administração Interna) anunciou que os Grupos estão contemplados na Lei Orgânica entregue à Liga dos Bombeiros Portugueses. Mas não se pode dilatar no tempo uma decisão a este respeito.
É sabido que as corporações de bombeiros, a da Covilhã incluída, carecem de "meios humanos". O comandante da Corporação enfatizou o facto no I Encontro e, em recentes declarações, ao NC (Ver NC, 23/Junho/2000). Os Grupos Permanentes, segundo as conclusões do I Encontro, devem ser pagos pelo Estado. Só assim é possível contar com um mínimo de homens para o cumprimento das tarefas exigidas. Mas há uma certa diversidade de opiniões a este respeito como, aliás, se verificou nas intervenções do I Encontro. Paulo Hortêncio, vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, na altura defendeu a possibilidade legal de serem criados. Resta agora aprofundar a Lei Orgânica.
"A Covilhã está na linha da frente" para a recepção da auto-escada, entre as 35 compradas. Quem o diz, é o secretário Adjunto do MAI. Também neste ponto se espera que a realidade seja confirmada. E prenda de oiro seria a instalação de um centro de formação na Covilhã, em verdadeira descentralização da Escola Nacional de Bombeiros. Em todas as áreas do saber, a formação ao longo da vida é uma necessidade permanente. No caso dos bombeiros, a exigência torna-se maior devido às tarefas complicadas a que têm de acudir e ao uso do material.
Se há instituições a que os governos devem prestar uma atenção cuidada, é às corporações dos bombeiros. E pelas razões sobejamente conhecidas da relevância dos serviços prestados à Comunidade. Só por si a Protecção Civil não pode executar todos os serviços em casos de tragédia ou calamidades públicas.
Dotar as corporações de meios eficazes é aplicar a política correcta. Os Bombeiros da Covilhã procederam bem em apresentarem exigências. E devem continuar a fazê-lo. E a sociedade civil só tem que aplaudir e acompanhar as diligências necessárias. E nós também. Quem arrisca "a vida por vida", merece toda a solidariedade.

*NC / Urbi et Orbi

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