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um Filme          



o olhar de coppola

por catarina moura

 
Quando vi pela primeira vez "Drácula de Bram Stoker", detestei. Estava a acabar de ler o livro nessa altura e achei a versão de Francis Ford Coppola tão superficial, tão adulterante, tão distante da eloquência e do terror que o livro me inspirara, que o filme nunca se poderia chamar "Drácula de Bram Stoker".
Meses mais tarde, voltei a vê-lo. Hoje é um dos meus preferidos.
Este filme oferece-nos a possibilidade única de espreitar o universo de Bram Stoker através do olhar de Coppola. Um olhar filtrante, que penetra a história e as personagens para as oferecer recriadas. Johnatan, Mila, o Conde, os médicos, a amiga, o doente, ... personagens centenárias cujas características são agora sublinhadas, acentuadas, colocando brilho e vida onde o tempo deixara sombra e pó.
Mais que uma adaptação, este filme é uma recriação. É "Drácula" reinventado. Exuberante, estilisticamente soberbo, o Drácula de Coppola é pura sedução. O encantamento que a personagem exerce desde sempre, marcadamente pelo horror que inspira, é agora acentuado pela sensualidade. Uma sensualidade que contagia a história e as personagens, conduzindo-nos sabiamente pelas complexas alegorias do sexo, vagueando entre a inocência e a luxúria como se fossem apenas uma. O toque final é dado pelo leque de actores que lhes dá vida. Imperdível.

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