Documentação histórica
do achamento do Brasil
POR ANTÓNIO JORGE DA SILVA*
O encontro de informação
profusa nesta quadra de festividades que se tem vivido em torno
dos quinhentos anos do " DESCOBRIMENTO " do Brasil,
não podemos deixar de levantar uma problemática
que exige reflexão e moderação sobre a
questão da descoberta do Brasil.
Os olhares do primeiro encontro transparecem nos textos que
dão notícia concreta desta terra: se, por acaso,
as terras "do lado Ocidental do Atlântico" ,
depois designadas por Terras de Vera Cruz, não fossem
objecto de conversa entre conselheiros, cientistas e homens dos
descobrimentos que envolviam o rei e acompanhavam o projecto
das viagens marítimas, jamais seria possível, ou
digamos que seria pouco aconselhável para Pedro Álvares
Cabral, não cumprir escrupulosamente o regimento da viagem
dado por El-Rei; que fizesse voltar uma nau isolada para o Reino,
limitando, assim, os recursos para cumprir o regimento recebido
para a Índia - a não ser que El-Rei já
estivesse de sobreaviso para a chagada iminente da confirmação
da notícia que a nau trazia: fora encontrada e localizada
a terra que limitava a costa Ocidental do Atlântico.
Deste modo a terra tocada por Pedro Álvares Cabral fazia
passar à realidade as probabilidades que os vestígios
de correntes e ventos, além de eventuais alterações
de profundidades e de colónias de animais e de plantas
marinhas faziam prever.
Deste modo, poderemos concluir que a riqueza e colorido da informação
antropológica, civilizacional, geográfica dos novos
humanos contactados e de que se fala na carta de Pêro Andrade
de Caminha, se enquadra numa função particularmente
pictórica e de resposta às expectativas que a
corte portuguesa já aguardava.
Apoiado nas informações trazidas por Vasco da Gama
e nas notícias dos portugueses que, em 1485, por J Lavrador,
tinham contactado a América do Norte, Pedro Álvares
Cabral tenta localizar as costa oceânicas ocidentais do
Atlântico Sul e, deste modo, concretizar o "ACHAMENTO".
Fica em aberto, no entanto, uma explicação para
a pertinência das exigências feitas por D. João
II, quanto aos limites definidos pelos Meridianos que partilhavam
o Mundo, no Trado de Alcáçovas e , depois a sua
alteração para o tratado de Tordesilhas.
Que sabia ele que o resto do mundo não conhecia?...
* MESTRE EM LITERATURAS
CLÁSSICAS |