Ordenamento no Tejo
Navegação
com restrições
POR RICARDO GUEDES PEREIRA*
Governo, ambientalistas e
população são unânimes em afirmar
que ainda há muito por fazer no recém criado Parque
Natural do Tejo Internacional. No sentido de colmatar as falhas
existentes e corrigir alguns "pontos negros", está,
neste momento, a ser elaborado o Plano de Ordenamento desta reserva
ecológica. No entanto, apenas em 2001 o documento será
concluído.
Um dos principais problemas identificados é a necessidade
de clarificar em que condições se deve autorizar
a navegabilidade no Rio Tejo. Sobre o assunto, os ambientalistas
da Quercus manifestam a sua vontade de ela ser regulamentada
no Plano de Ordenamento. Instrumento que, em princípio,
vai impor limites de velocidade às embarcações
que navegam nas águas internacionais. A razão é
simples: existem muitas zonas sensíveis, junto às
margens, que servem de local de nidificação a espécies
únicas no País.
Quercus contesta limites
Francisco Ferreira, presidente
da Quercus - Associação de Defesa do Meio Ambiente,
também discorda dos actuais limites que circunscrevem
a reserva. A Quercus aponta a necessidade de serem incluídas
algumas zonas que considera de elevada riqueza e que, por enquanto,
ficam de fora. Outro lamento diz respeito à destruição
de grande parte do montado de azinho que, entretanto, foi substituído
por eucaliptos.
Ainda na última semana, o presidente do Instituto de Conservação
da Natureza (ICN) criticou estes argumentos. Na opinião
de Carlos Guerra, os limites do Parque Natural do Tejo Internacional
abrangem a verdadeira riqueza do património a preservar.
E recorda que coincidem, em parte, com os da Zona de Protecção
Especial, criada em Setembro último, ao abrigo da directiva
comunitária "Aves". No entanto, no âmbito
da elaboração do Plano de Ordenamento, prevê-se
a alteração dos actuais limites da 30ª reserva
ambiental de Portugal.
Tejo Internacional com 200 mil contos
O ICN, organismo que depende
do Ministério do Ambiente, define as políticas
de gestão ambiental nas áreas protegidas. Cabe-lhe
ainda proceder ao controlo financeiro dos meios que são
afectados às áreas protegidas e coordenar os funcionários
destacados. O presidente revela que vai estar à disposição
do novo Parque Natural do Tejo Internacional um orçamento
de 200 mil contos.
Fundos provenientes do Orçamento do Estado e de apoios
comunitários, que vão ajudar ao arranque da construção
de uma sede e de um centro de interpretação. Infraestruturas
a erguer em Castelo Branco e Idanha-a-Nova, municípios
que integram a reserva.
O primeiro-ministro António Guterres e o ministro do Ambiente,
José Sócrates, garantiram também, no último
domingo, em Malpica do Tejo, que vai ser intensificada a fiscalização
da área abrangida pelo Parque Natural. A constituição
de uma equipa de vigilância e a construção
de instalações de apoios são promessas feitas
por Sócrates. Ainda assim, o governante recusa-se a cair
em "fundamentalismos e radicalismos ambientais".
*NC / Urbi et Orbi
|