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Crianças e computadores
Geração
tecnológica
POR SÉRGIO
FELIZARDO*
Falam de sites, de e-mails,
de Power Point e de Internet sem sequer gaguejarem. É
toda uma nova geração nascida na era tecnológica.
Para assinalar o Dia Mundial da Criança, fomos conhecer
alguns dos futuros "génios" da informática.
"Adoro navegar na Internet.
Faço pesquisas para trabalhos da escola e, quando os meus
pais não podem tiro as dúvidas que tenho. Para
além disso vou a chats e mando e-mails para familiares
que estão longe e amigos que tenho no Japão e no
Brasil". A Ana Carolina tem 9 anos e com este vocabulário
"arrisca-se" a não ser compreendida por milhares
de adultos em todo o mundo. Aluna da Escola Central, frequenta
a 3ª classe e, desde há três anos, aplica-se
num curso de informática extra-escolar. Os computadores,
confessa, são a sua "grande paixão".
A Ana Carolina faz parte de uma nova geração. Crianças
que nasceram em pleno desenvolvimento do fenómeno dos
computadores pessoais, da "auto-estrada da informação",
dos mails, dos sites da Internet. Um admirável mundo novo
que conta com essas mesmas crianças para se impôr,
num futuro muito próximo, como a única alternativa
possível à evolução da humanidade
e mesmo à sua sobrevivência. Um combate à
chamada "info-exclusão" que pode começar
muito cedo.
"Difíceis para
quem não sabe"
Na turma da Ana Carolina o gosto
pelos computadores é generalizado. Quando a professora
pergunta quem quer falar sobre o assunto, os dedos no ar são
mais que muitos. Do lote de pretendentes acabam por ficar o Rodolfo,
o José Pedro, o Mário, o Nuno, o Emanuel e a Ana.
Têm todos 9 anos, moram na Covilhã, à excepção
do José que vive em Vales do Rio, e nem todos têm
computador em casa.
Facto que, no entanto, não os impede de estarem por dentro
de praticamente tudo o que lhes diz respeito. Dos jogos, à
escrita, da pesquisa às compras na Internet, nada escapa
a esta "geração tecnológica".
"Para mim o computador é uma máquina boa,
com muitas informações, em que podemos fazer consultas
e tirar dúvidas", afirma o Mário, com a segurança
de quem ainda antes de ir à escola já andava pelo
mundo sem sair da sala. Com acesso ao "bicho" em casa,
revela que gosta particularmente de ver notícias sobre
Timor, ou então de "viajar" no site do "Hugo"
e do "Pokémon". "Com autorização
do meu pai até já comprei algumas coisas através
da net", acrescenta.
Colegas da Ana no curso de informática, quer o José,
quer o Nuno têm uma ideia didáctica do computador.
"Não é só jogos. Fazemos a tabuada,
cópias, até tabelas sabemos construir", asseguram.
O Rodolfo confirma e adianta: "Os computadores só
são difíceis se não se souber mexer neles".
Novas vocações
Está o futuro destas crianças
decididamente ligado às novas tecnologias? A pergunta
obtém respostas diferentes. Mas, apesar das dúvidas
de alguns, o entusiasmo é muito e o tradicional "quero
ser bombeiro, ou médico" pode muito bem estar a perder
terreno para os operadores e técnicos informáticos.
A Ana Carolina, por exemplo, já com "experiência
em Word, Excel e Power Point", diz que tem de pensar no
assunto. Mas, como agora até ensina algumas coisas aos
pais, admite poder vir a ser professora de informática.
Uma profissão que o Emanuel, o José e o Nuno não
desdenham, mas que não parece interessar o Rodolfo e o
Mário. Para este "mini-cibernautas" voos mais
altos parecem levantar-se. "Espero bem trabalhar numa grande
empresa com grandes computadores", rematam em uníssono.
*NC / Urbi et Orbi
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