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Dia Mundial da Criança na Covilhã
"Um dia para comemorar
 e para continuar"

POR RITA LOPES

Mil crianças e cem professores das escolas do 1º ciclo do concelho da Covilhã comemoraram, mais um Dia Mundial da Criança, desta vez revivendo o tempo dos nossos avós. O campo de futebol Estrelas do Zêzere, da Boidobra, foi o local escolhido pela organização para reunir os protagonistas desta festa, que durante todo o dia 1 se sentiram como poucos no mundo. Muita alegria, liberdade, vencedores, vencidos, e alguns arranhões foram os ingredientes desta iniciativa que pelo "óptimo resultado", se pretende continuar.

"Ensina-me a jogar avô" foi o tema escolhido pela Escola Primária do Conservatório Regional de Música, para comemorar o dia 1 de Junho. "Relembrar os jogos tradicionais, fortalecer o convívio entre as escolas e apelar ao desenvolvimento das crianças de uma forma mais completa, divertida e saudável" foi o principal objectivo da organização.
"Por um lado ficam a conhecer os jogos e por outro aprendem a conviver em equipa e aprendem também a perder e a ganhar", defende Hélder Gonçalves, professor do conservatório e membro da organização.
A cabra-cega, os jogos de latas, arcos, lenço, galo, entre outros, foram os jogos de experimentação e divulgação que funcionaram de manhã como "uma forma deles fazerem o que os avós fizeram". De tarde foi a vez de eles mostrarem as suas aptidões nos vários jogos de competição, e de cada claque gritar pela sua equipa vencida ou vencedora. Embora a maioria das crianças seja unânime em afirmar que o dia foi muito divertido, há algumas que sublinham mais a hora do almoço. Sónia Berrincha, 10 anos, aluna da escola da Boidobra afirma "estou a adorar este dia, porque jogámos muitos jogos, mas gostei mais do almoço". Como afirma Margarida Barreiros, professora do Conservatório e membro da organização, "este almoço foi diferente dos outros dias, primeiro porque foi um pic-nic em contacto com a natureza e depois porque foram coisas mais tentadoras para as crianças, a tal comida de plástico de que elas tanto gostam". Para além dos jogos, também houve actividades dedicadas à música, durante as quais alguns meninos demostraram o que aprenderam ao longo do ano no projecto "A criança e a mùsica" desenvolvido por alguns professores do Conservatório nas escolas primárias da região.
Assim, nem o pó do campo de futebol atrapalhou este dia que desde as 9 às 17 horas se pautou pela boa disposição e brincadeira, apesar de alguns ferimentos que segundo Maria Almeida, enfermeira estagiária no Hospital da Cova da Beira, "não foram graves, apenas alguns arranhões e comichões por causa do pó".

Diminuir a solidão

Este tipo de comemoração do Dia Mundial da Criança, pensado pelo Conservatório, procura sobretudo, como afirma Margarida Barreiros "promover o convívio com os colegas de todas as escolas, o que muitas vezes não acontece pois há miúdos que não saem da sua escolinha". A justificar este facto está a Escola da Quinta Branca com apenas cinco crianças. Maria Fernanda da Costa, professora da casa, garante que "hoje estão com uma grande alegria, pois estão habituados a viver tão isoladamente, que esta imensidade de crianças para eles é um espanto". Assim, a professora louva estas iniciativas, sobretudo porque "nestes dias os meus meninos podem desenvolver-se socialmente e criar laços de amizade com outros meninos desconhecidos".
Contudo, embora no local se vivessem momentos de alegria e de muita animação, as crianças covilhanenses, mesmo as mais isoladas, não se esqueceram das muitas crianças do mundo que não podem ter o mesmo. Daniela Saraiva, 9 anos, aluna da Escola do Rodrigo, quis manifestar a sua solidariedade: "Mando um beijinho para todos os meninos do mundo e desejo que estejam a ter um dia como o nosso". Tatiana Jesus, 10 anos, não esqueceu as crianças de Timor e de Moçambique: "Espero que tenham mais paz e mais alegria, tal como nós aqui temos hoje".

Uma comemoração diferente

Toda a actividade desenvolvida neste dia nasceu de um projecto que se iniciou em Setembro do ano passado chamado "Ensina-me a jogar avô" para divulgar os jogos tradicionais. O conservatório elaborou ao longo do ano várias actividades com as escolas primárias da região e neste dia foi a actividade principal, "O torneio concelhio dos jogos tradicionais".
"Foi uma comemoração diferente do habitual", afirma Margarida Barreiros. "Foi a 1ª vez, deu trabalho, mas satisfez completamente. Por isso, para o ano vamos repetir, embora não seja com o mesmo tema".
Maria do Rosário Rocha, vereadora da cultura da autarquia local, também afirma a sua satisfação com o evento, quando garante que "foi um dia divertido e diferente". Contudo refere alguns constrangimentos: "É muito difícil logisticamente reunir tanta criança, são cerca de mil, é uma preocupação em que corra tudo bem com eles, mas é uma alegria e o convívio está a valer a pena".
Quase no final, Carlos Pinto chegou para encerrar a festa e para fazer as entregas dos prémios às instituições organizadoras e às apoiantes, nomeadamente a Câmara Municipal e juntas de freguesia da região. O autarca não deixou de manifestar o seu orgulho com esta iniciativa que teve o maior apoio da sua autarquia. "Esta comemoração é para nós muito grata e tem um grande significado, pois procuramos ter crianças sadias e que vivam voltadas para a sua felicidade e bem estar", afirma satisfeito Carlos Pinto.

 

 
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