
Na penumbra.
Na penumbra, as almas resguardam-se.
Por momentos vagueiam.
Deslocam-se. Não
se movem.
Olham. E no olhar, o vazio.
Todo o vazio mais o espaço onde transparece. O silêncio.
Onde as palavras se escondem. Se purificam. E ouvem. Resguardadas.
Emudecidas. Na penumbra.
Lado a lado.
O olhar, fraco. Fraco. Farto. Fátuo.
O silêncio das almas que se deslocam. No olhar. Fixo. Enfermo.
Clemente. No infinito. Ali perto. Na luz da cidade no céu
do rosto nas mãos no céu das máscaras na
luz do ruído no vácuo.
Parco, o momento. Dorido.
Se acontecesse ...
Cada coração que desliza. Na sua ausência.
Não vai, não regressa.
Cala-se. Ténue. Desloca-se. Pede.
De costas para o mundo.
Na esquina cada alma cruza a mágoa que a atravessa.
Poesia, parece. Sem
pressa. E pesa...
|
"Nighthawks"
Edward Hopper
- 1942
POR LUÍS
NOGUEIRA
|