Urbi @ Orbi- Como vê
a AAUBI de hoje?
Vasco Cardoso- A Associação
Académica é a maior estrutura associativa de carácter
juvenil de toda a Beira Interior e tem um papel insubstituível
na vida e dinamização da cidade. Sem a AAUBI ,
tanto a cidade como a universidade seriam certamente diferentes.
Hoje a AAUBI é uma instituição que tem uma
diversidade de intervenção bastante grande no âmbito
do desporto, da cultura, além do espaço vocacionado,
e que lhe dá esse carácter institucional, que é
a defesa dos direitos dos alunos e de um sistema de ensino diferente
e de qualidade. Tem uma intervenção importante
ao nível interno, do ponto de vista pedagógico,
na forma como vai reunindo e intervindo nos órgãos
da universidade e na forma como vai interpretando o que é
o sentimento dos estudantes em relação ao ensino.
É uma associação em crescimento à
semelhança de outras estruturas associativas recentes,
com cerca de 20 anos, como são os casos de Braga, Vila
Real, Viseu, Guarda ou mesmo Évora. Que são hoje
estruturas extremamente importantes para as sociedades que as
envolvem, que são cidades com densidades populacionais
médias e onde este tipo de instituições
se adaptam melhor. É uma associação em crescimento
visível mas que também tem deficiências que
é importante colmatar.
U @ O- Quais considera as
principais mudanças estruturais na AAUBI destes dois anos
na direcção?
VC- Acho que o trabalho
pedagógico planeado no Conselho Consultivo de Núcleos,
com objectivos concretos definidos em termos de alguns processos,
como sejam o funcionamento dos Serviços Académicos,
o Calendário Escolar ou as Prescrições,
e com uma estratégia que tem vindo a ser seguida, tem
produzido os seus resultados. É também, por vezes,
uma intervenção ingrata, quando nos deparamos com
situações que não conseguimos resolver e
aí pensamos que se a Universidade agisse e pensasse de
outra maneira seria possível resolvê-los. Mas penso
que hoje a pedagogia funciona de uma maneira mais institucionalizada,
capaz de atingir mais resultados e com uma capacidade de planeamento
a médio prazo, sem ser uma ideia casuística. Por
outro lado, a intervenção da AAUBI no Movimento
Associativo Estudantil, desde a organização do
ENDA [Encontro Nacional de Direcções Associativas],
a uma série de processos que passaram pela Associação
Académica, à eleição de um aluno
desta universidade para o Conselho Nacional de Educação
[CNE], tudo foi feito para aproximar os alunos daquilo que está
lá tão longe [Ministério da Educação]
e que tanto lhes diz respeito. Nesse sentido, esta foi uma associação
em luta.
Também o alargamento da intervenção cultural,
com a organização de dois Art'ubis, dois
festivais Ethnicus, dois Unifonias, a edição
de uma revista, a Beira In, contribuiu para a afirmação
cultural da Associação para além da Recepção
ao Caloiro e Semana Académica, actividades
que também cresceram exponencialmente. Acho que em termos
desportivos o ampliamento dos espaços desportivos nos
permite olhar para o futuro com maior responsabilidade e com
um campo de intervenção alargado, por exemplo,
ao desporto de manutenção. A possibilidade desta
Associação poder vir a ter uma rádio é
um marco desta direcção. Nestes dois anos a Associação
cresceu em termos de dimensão, e estamos já a tentar
negociar a compra de um edifício para alargar as instalações,
com outro tipo de valências que iram ser definidas pela
futura direcção.
Por último, a introdução do Plano Organizado
de Contabilidade (POC) é outro marco para a AAUBI. A AAUBI
passa a funcionar, do ponto de vista financeiro, como uma empresa.
O que lhe dá uma maior capacidade de gestão mas
também atravessando mais dificuldades, com procedimentos
mais rigorosos, mas ganhando credibilidade e transparência.
A Associação Académica tem que existir fiscalmente
e neste momento está de cara lavada.
Infelizmente não conseguimos, apesar de termos sido uma
Associação de propaganda, apostando na informação
e divulgação, chamar à participação
os alunos no número que queríamos. Embora se possam
ter criado raízes que venham a dar frutos futuramente.
U @ O- Quais são os
projectos para o futuro próximo?
VC- Penso que o papel
principal agora é prestar todo o apoio possível
à direcção que o Jacinto irá liderar,
com o capital de experiência ganho mas com menos responsabilidade
do que até agora, e com o máximo de respeito pela
identidade própria do novo grupo de trabalho. E pessoalmente
concluir o curso e procurar alhear-me um pouco da visibilidade
que a presidência da AAUBI me trouxe.
U @ O- Continua a representar
os alunos no Conselho Nacional de Educação?
VC- Sim. Essa é
a linha de trabalho que vou continuar. Menos apaixonante e mais
distante daquilo que é a realidade, mas é também
uma forma de eu próprio aperfeiçoar os conhecimentos
dentro das matérias em que vou trabalhar e continuar a
representar os estudantes, mantendo o papel interventivo em relação
à política educativa que existe.
U @ O- Que medidas vai apresentar
no CNE?
VC- Tomei posse este
mês e ainda não me pude dedicar a esse assunto em
profundidade. Tenho apenas definidos para mim alguns conceitos,
não sou um técnico nestas matérias, portanto
a minha intervenção tem que ser de acordo com aquilo
que se fala nas cantinas, nas residências, nas salas de
aula e nos corredores. É esse o discurso que tem que ir
para o Conselho Nacional de Educação. Não
podemos continuar à espera que as coisas se resolvam por
si mesmas, e a educação tem sido um assunto demasiadas
vezes adiado.
U @ O- De que forma podem
a AAUBI e a cidade interagir para progredir em conjunto?
VC- Eu acredito que este
seja um processo demorado. A Covilhã é uma cidade
intimamente ligada aos lanifícios, com uma grande tradição
operária e que sempre viveu virada para esse sector muito
específico. Hoje é uma cidade em desenvolvimento,
um processo difícil muito ligado aos estudantes. Mas,
mais tarde ou mais cedo, vai dar em casamento. A AAUBI, em todas
as suas direcções, sempre manteve essa abertura
em relação à cidade. A Universidade trouxe
vida a esta cidade e permitiu mesmo a sua diversificação.
Também em relação à componente humana,
as pessoas já sentem que os estudantes fazem parte da
cidade. Embora de parte a parte existam problemas não
resolvidos, como a incompreensão da cidade em relação
à animação da camada jovem e alguma falta
de honestidade, por exemplo em relação a várias
situações de alojamento dos estudantes. Não
se atingiu para já o desejável, mas o casamento
está para breve. |