"Há fantasmas na
reitoria"
POR RUI LOPES E IVONE FERREIRA
Vários relatos parecem
confirmar a tese de que a reitoria está assombrada. Entre
cheiros de comida, passos no escuro e vozes vindas de além
túmulo, tudo serve para chamar a atenção.
O Urbi foi ver o que se passa e conta-lhe agora todos os pormenores
desta história "fantasmagórica".
Nos últimos três
meses a reitoria da UBI tem andado na boca de alunos e funcionários
desta universidade. A afirmação "há
fantasmas na reitoria", trazida a público por um
funcionário distraído, desencadeou uma autêntica
caça aos fantasmas. O segredo que envolve uma história
deste género, aliada ao medo de represálias por
parte dos serviços administrativos, impede alguns dos
funcionários de contarem a sua versão da história.
No entanto, sob anonimato (por motivos óbvios) alguns
destes funcionários afirmam já ter testemunhado
fenómenos pouco comuns.
Cheiros de comida provenientes da sala onde se reúne o
Conselho Científico da UBI, outrora refeitório
dos frades do então convento de Santo António,
e passos que se ouvem sem que ninguém se veja são
algumas das "experiências estranhas" testemunhadas
por alguns dos que trabalham diariamente no edifício.
"Trata-se de uma igreja que foi profanada, portanto é
normal que fenómenos deste género aconteçam.
Os frades vieram reclamar aquilo que lhes era devido", afirma
um dos funcionários.
Testemunha exterior
Do lado de fora do Convento a
história também é conhecida. A sr ª
Hermínia, de 72 anos, que vive a alguns metros do local,
afirmou já ter conhecimento da história. "É
verdade, eu própria já lá estive e ouvi
alguns dos barulhos que se dizem ouvir por lá". Esta
mesma senhora acrescenta que a história assumiu outros
contornos aquando da venda do edifício à UBI, residindo
aqui um dos pontos curiosos, uma vez que este imóvel de
reconhecido valor histórico foi vendido por apenas 35
mil contos, preço irrisório quando comparado à
importância do monumento. O antigo proprietário
deste edifício, confrontado com a história dos
fantasmas, afirma não ter qualquer conhecimento da mesma.
"Vivi lá quarenta e tal anos e nunca lá ouvi
nada. Só agora é que se falam destas histórias",
declara.
Opinião que não é partilhada pelos funcionários
da UBI, que juram a pés juntos que tal história
é verdadeira. "Todas as semanas este cenário
se repete. Nós até já estamos familiarizados
com as vozes, aliás eles até nos tratam pelo nosso
nome". Os funcionários vão ainda mais longe
ao afirmarem que a presença dos "frades do além"
passou já a ser habitual nos claustros do convento, onde
por vezes se podem escutar as rezas em latim dos mesmos. Porém,
e ao contrário do que seria de esperar, estas aparições
deixaram de ser tão frequentes depois de, por decisão
do Reitor, terem sido colocadas imagens sacras dentro da Reitoria.
"É verdade que depois de o sr. Reitor lá ter
mandado pôr as imagens as coisas abrandaram... mas eles
ainda por lá andam", afirma a sr ª Hermínia,
que chegou ao ponto de se dirigir ao edifício pelas 7
da manhã para verificar a veracidade da história.
"Fui lá e ouvi. Não me assustei porque já
sabia que havia lá qualquer coisa. Aquilo era a igreja
dos frades e escutei-os rezarem a missa."
Um dos pontos mais bizarros e perturbantes da história
prende-se com o facto de a sr ª Hermínia afirmar
que este mesmo edifício já foi visitado por um
sacerdote (do qual não nos foi revelada a identidade)
que, segundo o seu relato, lá se dirigiu com o intuito
de benzer o local.
Universidade desmente
Mário Raposo, na qualidade
de vice-reitor da Universidade da Beira Interior, não
evitou algumas gargalhadas quando tomou conhecimento do assunto,
afirmando que esta história não passa de pura invenção.
"Eu entro aqui às 8 da manhã e chego a sair
de cá às 9 ou 10 horas da noite e nunca ouvi nada",
afirma convicto.
O Urbi fez também questão em se deslocar ao local
para se acercar da veracidade ou não de tal relato fantasmagórico.
Pouco faltava para as 7 da manhã quando chegámos
ao Convento e aí permanecemos durante cerca de uma hora
durante a qual nada registámos de sobrenatural. Ou chegámos
atrasados ou os frades mudaram o horário da missa.
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