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Entre o Fundão e o Souto da Casa
Convento franciscano aguarda reconhecimento

POR ARLETE CASTELA

Coabitando no mesmo espaço, na parte alta da saída do Fundão para o Souto da Casa, poder-se-ão ver as ruínas do que foi um dos mais antigos conventos franciscanos, outrora Convento De Capuchos da Piedade, conjunto ao parque de campismo da Fundatur.
Aqueles frades começaram por dedicar assistência às populações, fundando hospícios nas regiões mais pobres e carenciadas, como foi o caso do Fundão, pois a capela e o antigo hospital eram dirigidos pelos frades do Convento da Nª Sª do Seixo.
Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1834, o Convento foi vendido em hasta pública, passando por várias entidades proprietárias, chegando nos anos 20 a ser ali instalado um posto agrícola, dado aquela zona ser uma região muito fértil, abundante e arborizada por pomares e soutos.
Após o 25 de Abril os então proprietários, oriundos da família Rebordão, naturais do Fundão mas residentes no Cartaxo, para evitar uma ocupação indevida decidem vender a propriedade com o intuito de preservar o importante monumento.
Na mesma época é constituída uma sociedade, com o objectivo de promover o campismo, que ali constrói um parque. Fica também proprietária da quinta e mata envolventes, assim como do convento, já em ruínas e que se foi degradando ano após ano.

Recuperação pode passar
pelos fundos comunitários

Em 1985, a firma Fundatur, proprietária do imóvel, pretendeu cedê-lo à Câmara Municipal do Fundão para ser recuperado para fins culturais. Neste sentido, elaboraram um protocolo que nunca chegou a bom termo, dado o convento não ter sido classificado de interesse concelhio pelo Instituto Português do Património.
Entretanto, em 1988, neste cenário aparece um casal inglês que se propõe a instalar no convento uma instância turística, recuperando o imóvel. Para isso, elaboraram um projecto mediante o sistema de investimento e financiamento ao turismo, que acabou por não se realizar devido à falta de apoio por parte das entidades a que recorreram.
Presentemente, o referido casal reformulou o projecto e preparou a sua candidatura ao novo programa de apoio a fundos comunitários, cujo conteúdo ainda não foi regulamentado.
Segundo Álvaro Roxo Vaz, um dos sócios da Fundatur, "ainda há possibilidade de recuperar o edifício, uma vez que o claustro e a capela estão quase intactos".
José Travassos, residente e investigador que se tem dedicado a alguns trabalhos sobre este tema, afirma que "o estado actual do Convento deve-se apenas ao facto de os anteriores proprietários não estarem sensibilizados para questões culturais e sim para a prática de campismo com propósitos economicistas".
Em tempos em que tanto se fala da preservação do nosso património arquitectónico, o Convento da Nossa Senhora do Seixo lá está, testemunho da incúria dos homens, à espera que alguém dele se lembre.

 
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