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Edmundo Cordeiro |
Santana Lopes ameaça com
realização
de um referendo interno
Santana Lopes ameaça com a realização
de um referendo interno
Durão Barroso diz que o
RMG favorece a imigração. (A imigração
não é coisa boa - a emigração ainda
o pode ser, porque: temos cá portugueses a mais; já
não se produz fruta e legumes suficientes para os que
cá estão; tudo isso vem "da" Europa,
do Chile, da Argentina e da África do Sul - ainda é
o que vale, mas não se pode abusar; plantado que está
este jardim à beira-mar, com menos gente sempre pode ter
mais turistas no Verão e igualmente nas outras estações.
Por junto, será isso.) António Guterres diz que
não faz sentido tomar decisões políticas
contrárias àquilo que é - àquilo
que é, daquilo que são, formas de expressão
da modernidade expressiva - a evidência científica
Posto isto, há que questionar: por que é que Sartre
ainda nos interessa? Por exemplo. Mas mesmo assim, a recepção
de fenómenos recentes de modernidade e desenvolvimento
em Portugal, sejam a imigração, sejam o namoro
entre Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães,
levam-nos a concluir que é preciso mais um 25 de Abril.
Mesmo depois da vitória do Sporting, e - pois até!
- por causa disso. Se é! Então o Carrilho não
pode namorar a Bárbara? Os portugueses, ou a maior parte
deles, os portugueses editorialistas, não estão
habituados a fenómenos desta natureza. É ponto
assente que um ministro tem de ser gordo, careca, feio e vestir-se
nos armazéns Sofal. Assim é que é ministro.
Quando muito, pode, se for secretário de Estado, ter uns
namoricos ou umas relações com moças ricas
e de poucas letras, candidatas com mérito a Tias, ou então
com jovens românticas e casadoiras, que ainda as há,
sempre predispostas, e sempre solicitadas também, para
qualquer secretário de Estado ou mesmo assessor. Mas,
salvaguardadas as devidas distâncias, guardadas as devidas
proporções (isto é só para provar
que a prosa coimbrã ainda mexe), de preferência,
um ministro tem é de ser casado com uma dama de segundo
queixo, sem cintura e com o ar conveniente de dona-de-casa (ar
que se mantém intacto, na sua pureza, desde que Salazar
o prescreveu como higiene fundamental da Nação,
com razão ou sem ela, não importa agora), às
vezes professora universitária, às vezes secretária
(neste caso, quando não seja muito mal remunerada, vá
lá). Assim é que é mesmo ministro. Assim
é que se é mesmo ministro. Mergulhados neste estado
de espírito, refractários por inteiro a uma governação
moderna baseada na evidência científica, presos
ainda "àquilo que é" a política,
inquebrantáveis, os editorialistas (os portugueses em
geral) já não se surpreendem quando Santana Lopes
ameaça com um referendo. Com a realização
"daquilo que é" um referendo. Interno. |
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