.


.

 


Fernando Mamede alerta
"Estado tem de assumir
o atletismo"

As palavras são de Fernando Mamede que, no último sábado, 20, esteve presente num seminário sobre atletismo realizado na Covilhã. O evento, enquadrado nas actividades da III Meia Maratona do Académico dos Penedos Altos, contou ainda com a presença de Aurora Cunha e António Leitão.
Dos três atletas presentes no colóquio promovido pelo Académico, Fernando Mamede é o que leva as críticas mais longe. Desagradado com a actual situação da modalidade que o lançou na ribalta do desporto nacional, o ex-atleta do Sporting Clube de Portugal coloca no Estado a responsabilidade de promover o desporto. Segundo Mamede "os pequenos clubes não têm, por si só, a capacidade financeira e logística para dar formação adequada aos atletas". Assim, o ex-corredor afirma: "Tem que ser o Estado a assumir e financiar o atletismo português". Um financiamento que passa, por exemplo, por pagar a treinadores para servir pequenos clubes e colectividades. Isto porque, nas suas palavras, "não basta aos clubes e associações terem uma pista de tartan". "É preciso também, e acima de tudo, terem atletas bem treinados e formados", conclui.

"Autarquia a reboque dos clubes"

Para Mamede, a construção desenfreada de estruturas desportivas "é um problema político". "Na tentativa de angariar votos, os políticos erguem pavilhões e campos desportivos e descuram a componente pedagógica, como o desporto escolar", esclarece.
João Esgalhado, vereador covilhanense com o pelouro do desporto, subscreve a opinião. Segundo o representante camarário, também professor de educação física, "este tipo de obras, feitas para ganhar votos, têm que deixar de ser apoiadas". "É preciso evitar o esbanjamento de recursos", refere o autarca, que defende um melhor estudo antes da construção de qualquer infraestrutura desportiva. "As pessoas pedem sempre um campo de futebol de 11, mas o que realmente querem é um espaço onde praticar desporto", continua, em referência ao elevado número de campos de futebol abandonados no concelho. Na opinião do autarca, o ideal para as populações "será um espaço eclético e flexível, que sirva diversas modalidades e idades".
Quanto à formação desportiva de atletas, área em que Aurora Cunha acusa as autarquias de estarem a falhar, o vereador defende o sector político. Segundo ele, "a autarquia faz o que pode". "Não podemos fazer muito mais que andar a reboque dos clubes", responde Esgalhado, que promete, entretanto, a realização de seminários no concelho para debater o assunto.

Atletismo em vias de extinção

Aurora Cunha, por sua vez, defende iniciativas no sentido de aproximar as crianças em idade escolar ao atletismo. Segundo a atleta: "Há uma evidente falta de coordenação quando se trata de fazer esta aproximação". Opinião defendida também por Fernando Mamede, para quem "o desporto escolar, que mais jovens pode angariar para a modalidade, está a ser descurado por parte das autoridades".
A somar a este facto António Leitão realça ainda a maior atractividade dos
desportos colectivos, e a fuga dos jovens para os desportos radicais. "Face a estes factores, o País está muito mal preparado para perpetuar o atletismo português como modalidade competitiva no estrangeiro", afirma. Segundo o ex-atleta, Portugal não está a tirar o melhor proveito das conquistas dos seus melhores valores. Isto porque, afirma, "em relação ao estrangeiro, o nosso desporto não tem produção nem suporte, que não seja o de empresas privadas". "Depois de ganharmos medalhas e títulos com a as cores nacionais", queixa-se António Leitão, "se não fossem os pequeno clubes a convidarem-nos para colóquios e para apadrinhas as suas provas, certamente cairíamos no esquecimento".


III Meia Maratona Cidade da Covilhã
Aires de Sousa arrebata primeiro posto

POR ALEXANDRE S. SILVA*

Com mais de 500 atletas inscritos, a prova do último domingo foi a melhor das três edições. O Penafiel leva para casa os dois prémios mais importantes.

Aires de Sousa, do FC Penafiel, foi o grande vencedor da III Meia Maratona Cidade da Covilhã. O atleta nortenho cortou a meta com um tempo de 1 hora, 9 minutos e 17 segundos. Aires Sousa junta-se, deste modo, a Paulo Gonçalves, de Seia, e Francelino Resende, do Boavista, no quadro de vencedores da prova, mais uma vez organizada pelo Académico dos Penedos Altos.
Apesar do bom tempo, em comparação com a chuva na primeira edição, e o calor intenso da segunda, o recorde alcançado no último ano por Francelino Resende permaneceu imbatível por escassos seis segundos. Excelente corrida fez também o primeiro vencedor da prova. Paulo Gonçalves do Centro de Atletismo de Seia classificou-se na segunda posição, a 38 segundos do líder e com mais de um minuto de avanço sobre o terceiro classificado, António Sousa. O atleta de Seia disputou durante grande parte da corrida o primeiro lugar. Mas o penafidelense, que este ano venceu também a corrida "Todos Pela Justiça", acelerou o passo nos últimos 15 minutos, conseguindo uma vantagem que lhe permitiu cortar a meta com algum avanço confortável.
O FC Penafiel conseguiu ainda a melhor pontuação colectiva do escalão sénior, o que lhe permitiu a conquista do troféu de vitória por equipas.
Na categoria feminina, Vitorina Mourato, vencedora no último ano, revalidou o título. A atleta de Portalegre cortou a meta com um tempo de 1 hora, 24 minutos e 54 segundos, reduzindo o seu recorde pessoal em cerca de dois segundos. Fátima Neves da Portugal Telecom e a "veteraníssima" do Teixoso Lisdália Nunes, classificaram-se em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

Verde e Amarelo vence Veteranos

Na classificação geral por equipas, no escalão de Veteranos, o destaque vai, uma vez mais para o Grupo de Amizade Verde e Amarelo.
A formação orientada por José Manuel Amarelo conseguiu a melhor pontuação, 19 pontos, e revela-se uma das melhores formações de atletismo da região. A comprovar, Evaristo Baptista e António Real, atletas da formação covilhanense, foram os primeiros Veteranos (categoria I) a cortar a meta. Em terceiro lugar classificou-se José Maia, da Assempark. Na categoria II, Manuel Amaral, da Telhadela, consegue o melhor tempo, seguido por António Henriques da Casa do Povo de Mangualde e pelo bracarense Amândio Soares. Adão Reis, de Ovar, Joaquim Almeida, da Assempark e António Garcia, dos Veteranos da Estrela foram, pela respectiva ordem, os vencedores da categoria de Veteranos III. Na categoria IV, João Soares, do GD Ribeirinhos, Albino Vicente, veterano do Teixoso, e José Campos, atleta do Académico, cortaram a meta com apenas 10 segundos de diferença.

Manuela Machado dá exemplo

Em traçado mais curto correram os escalões etários mais jovens. Nádia Penedo e José Robalo, ambos da Escola Ribeiro Sanches, conseguiram o primeiro lugar na prova de Benjamins. A Escola conseguiu ainda obter a melhor classificação colectiva da categoria. Nos Iniciados, Bruno Reis, do Bairro Municipal foi, tal como a sua equipa, o primeiro na classificação final. Tiago Patrício, do Desportivo da Mata, e Susana Silva da Casa Afonso Peroviseu, foram os melhores Infantis, tendo a segunda equipa alcançado a melhor pontuação. Quanto aos Juvenis, Pedro Fernandes, do GD Mata, e Sara Salvado, da Ribeiro Sanches, obtiveram o primeiro lugar. O Desportivo da Mata venceu, com oito pontos, a classificação por equipas.
Quanto aos padrinhos da prova, só Manuela Machado correu. A ex-atleta do FC Porto cortou a meta, no meio do pelotão, visivelmente estafada mas satisfeita. De qualquer modo, a corredora já tinha afirmado no dia anterior que a sua presença na corrida não seria tanto para competir, mas antes para dar incentivo e exemplo aos restantes participantes.
*NC / Urbi et Orbi






.

 Primeira Ubi  Covilhã  Região  em ORBita  Cultura  Desporto Agenda