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Nona Semana do Cinema Europeu
termina sem lotações esgotadas
"Falta cultura cinéfila
na região"
POR RITA LOPES
Com um programa rico em filmes
do velho continente, esta 9º Semana do Cinema Europeu, promovida
pela delegação do INATEL da Covilhã, chegou
ao fim com grande sucesso, apesar das dificuldades sentidas pela
organização. A exibição decorreu
entre os dias 19 e 25 deste mês, no Cine-Centro da cidade,
estendendo-se ainda a Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Fundão,
Belmonte e Penamacor.
"Divulgar e promover o cinema
europeu, fazendo esquecer as fitas comerciais, na sua maioria
norte-americanas, e mostrar o outro lado do cinema", foi
o grande objectivo do INATEL ao promover esta iniciativa. Contudo,
não foi fácil fazê-lo. Segundo Luís
Cassapo, coordenador da semana, "é muito difícil
oferecer cinema europeu que não está habituado
a ser visto por 99,9% da população". Mesmo
assim, a semana foi bem conseguida, tendo tido adesão
na ordem das 50 a 70 pessoas por sessão. Os filmes preferidos
pelos espectadores foram, segundo o coordenador, os que tinham
mais nome: "Tudo sobre a minha mãe" de Pedro
Almodovar; "A nona porta" de Roman Polanski e "As
cinzas de Ângela" de Alan Parker.
Procurando descentralizar o cinema e "acordar a região
para a sétima arte", as exibições alargaram-se
a outras salas dos concelhos vizinhos. Em todas elas, refere
Luís Cassapo, "a semana foi bem acolhida, apesar
de se verificar maior adesão no Cine-Centro da cidade".
De salientar apenas "a ausência significativa dos
universitários". Mas a organização
reconhece que a altura não era a melhor, uma vez que decorria
quase em simultâneo com a Semana Académica.
Contudo, o INATEL está satisfeito pelo que têm feito
e pela forma como o têm conseguido. O coordenador diz que
esse sucesso se deve também ao facto de ser a única
organização nacional com âmbito europeu nesta
área, e ainda ao facto de alargar a outras extensões
e de favorecer acções paralelas. "A escola
vai ao cinema" foi uma das acções realizadas
no concelho da Covilhã e do Fundão, em colaboração
com os estabelecimentos de ensino ciclo e secundário.
"Pretendeu-se levar os alunos a ver cinema e a cultivarem-se
nesta arte", afirma Luís Cassapo. Ainda na mesma
semana funcionou no Teatro- Cine um atelier multimedia com algumas
escolas, onde um orientador ajudou os alunos a pesquisar sobre
a viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. No final,
reuniram-se os dados recolhidos e compôs-se um filme que
retrata a viagem e descoberta desse país irmão.
Luís Cassapo refere que "o êxito deste projecto
foi maior devido à comunicação directa com
os alunos pois, ao contrário da maioria da população,
eles precisam de estar informados e formados para esta realidade".
Remar contra a maré
Segundo Luís Cassapo,
"existem muitas dúvidas, falta de leitura e ignorância
acerca do cinema e, sobretudo acerca do bom cinema". "A
população apenas está habituada a filmes
comerciais e a um cinema mercantilista onde o que interessa é
rentabilizar as fitas". Com uma visão totalmente
oposta, o INATEL tem procurado melhorar este painel e, pelo menos
uma vez por ano, cria condições para modificar
estes ideais. Assim , numa região que o coordenador considera
"pobre em estúdios adequados, salas com condições
e pessoas formadas" o que se vive é uma falta enorme
de cultura cinéfila que se deve, diz Luís Cassapo
" à falta de interesse e de iniciativas de cinema
nesta cidade". Deste modo, "continuar a remar contra
a maré é importante", pois para o coordenador,
"o continente europeu tem direito a ser destacado na sociedade.
O nosso cinema tem tanta ou mais importância do que o americano,
o que é preciso é divulgá-lo e dá-lo
a conhecer".
Sem muito adiantar, Luís Cassapo garantiu ao Urbi que
o INATEL irá promover em 2001 a 10ª semana. "Tem
existido vontade por parte das autarquias com quem mantemos parcerias,
sobretudo as das extensões do Instituto Português
da Juventude de Castelo Branco em continuarmos este projecto".
O mesmo referiu que se houver comparticipação de
mais entidades, talvez alarguem a iniciativa às cidades
da Guarda e de Coimbra. O importante é, para o coordenador,
"descentralizar e fazer coisas diferentes, mas sempre melhores".
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