POR DULCE PATRÍCIA COSTA
O
Fórum Pedagogia
é uma iniciativa de debate, levantamento e esclarecimento
de questões do âmbito pedagógico. É
uma reflexão que proporciona o confronto de opiniões
entre alunos, docentes e responsáveis pela instituição
com o intuito de denunciar e resolver problemas, apontando possíveis
soluções que levem ao aumento significativo da
qualidade de ensino na Universidade da Beira Interior.
Este II Momento de Reflexão tinha quatro temas em agenda,
a saber: o Insucesso Escolar, a Avaliação do Corpo
Docente, o Calendário Escolar e o Modelo de Tutorado.
A 2ª parte deste II Momento de Reflexão começou
com um atraso de 40 minutos e decorreu no Anfiteatro 1, no Polo
I. O slogan, dos diversos cartazes espalhados pela UBI, até
era convidativo: "Discute o teu futuro! ". Mas a assistência
foi quase nula. Vasco Cardoso, presidente da AAUBI, justificou
esta ausência com a Semana Académica e com o início
da época das frequências.
O primeiro orador da tarde foi, precisamente, Vasco Cardoso.
A AAUBI e os Núcleos de Licenciatura reuniram-se e puseram
as cartas na mesa: é preciso novos remédios para
as velhas doenças diagnosticadas. "É preciso
que se decida se o novo calendário é positivo
para os alunos ou não, é necessário avaliar
as capacidades científico-pedagógicas dos docentes
e, acima de tudo, diminuir a taxa de insucesso escolar verificado
na nossa instituição."
Vasco Cardoso passou depois a palavra à presidente do
Conselho Pedagógico, Maria de Fátima Simões,
que defende que o insucesso escolar depende de muitos factores:
"O insucesso não passa só pelos alunos e professores,
passa, fundamentalmente, por uma falta de estratégia nos
planos de estudo, e isto é notório porque, por
vezes, um aluno farta-se de estudar e não é bem
sucedido. Falta-lhe um método de trabalho", conclui.
Já o vice-reitor, Luís Carrilho, disse que existe
na UBI um relatório sobre o insucesso escolar permanente,
que foi enviado para o Ministério da Educação
e que contém, além das taxas de insucesso, as
medidas tomadas pela universidade para o atenuar. De entre as
medidas, destacam-se a redução de turmas do 1º
e 2º anos e o regime de acompanhamento tutorial, juntamente
com o novo calendário. "Quando se trata com pessoas
temos de ter cuidado. Os alunos não são um produto
fabril que moldamos como queremos, temos de os conhecer para
os poder aconselhar o melhor possível, conhecer a sua
ficha e o seu universo."
Durante o debate as questões mais populares relacionavam-se
com os questionários feitos aos alunos, e cujos resultados
não são os mais exactos porque nem todos os alunos
respondem. A disparidade dos critérios de avaliação
(cada docente tem um método); a ausência de livros
na biblioteca que impossibilita os alunos de recorrer à
bibliografia recomendada pelos docentes; a falta de material
informático; a falta de comunicação entre
aluno e docente. Queixas feitas pela escassa plateia que se encontrava
no anfiteatro. |
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Vazio na Pedagogia
POR RUI LOPES
Pouco público foi a nota dominante de mais uma edição
do Fórum Pedagogia, que ficou marcada pela fraca adesão
da população estudantil e que serviu de momento
de reflexão em relação às questões
pedagógicas e à actual situação em
que vive a Universidade da Beira Interior.
Na parte da manhã os trabalhos
tiveram início perto das onze horas. Da agenda de discussão
faziam parte um debate de reflexão acerca do Insucesso
Escolar, e uma avaliação do desempenho do corpo
docente.
Entre os oradores contava-se o reitor da Universidade da Beira
Interior, Manuel Santos Silva, a presidente do Conselho Pedagógico,
Maria de Fátima Simões, o presidente da AAUBI,
Vasco Cardoso, e um convidado do exterior, João Cunha
Serra, docente do Instituto Superior Técnico.
Depois do discurso de apresentação, proferido por
Vasco Cardoso, o Reitor da UBI tomou da palavra e começou
por fazer uma pequena análise ao estado da Educação
em Portugal, referindo que "um dos problemas é o
facto dos alunos e dos docentes não se manterem no sistema.".
Santos Silva defendeu ser necessário "criar mais
e melhores condições para fixar as pessoas no sistema";
no entanto, também considerou que "os alunos necessitam
de uma auto-aprendizagem e, acima de tudo, de terem mais intervenção
junto do Ensino Superior", lamentando o facto de "algumas
estruturas de apoio desta universidade estarem em grande parte
do tempo vazias ou com uma taxa de frequência bastante
baixa".
O próprio reitor, reportando-se ao insucesso escolar interroga-se
sobre o facto "de quase 50% dos alunos não frequentarem
as aulas e não irem aos exames". É por isso
que uma das preocupações de Santos Silva é
"a auto-exclusão voluntária dos alunos dentro
desta instituição". Os números não
mentem. Só no último ano abandonaram a universidade
cerca de 470 alunos, 72% dos quais frequentavam o primeiro ano
lectivo.
Porém e segundo o responsável máximo da
U.B.I, "o insucesso em alguns alunos é um caso crónico,
ou seja, esses mesmos alunos vão-se arrastando ao longo
dos anos nas várias cadeiras dos seus cursos, sem alcançarem
qualquer tipo de resultado."
Outro dos factos apontados pelo reitor prende-se com a não
"participação dos alunos no preenchimento
dos questionários de auto-avaliação em relação
ao desempenho dos docentes", afirmando ainda que "sem
este processo não é possível melhorar o
funcionamento do próprio sistema."
Maria de Fátima Simões, presidente do Conselho
Pedagógico, dirigiu apenas algumas palavras aos presentes,
sublinhando que a responsabilidade no insucesso escolar não
pode ser unicamente imputada aos docentes, uma vez que os alunos
devem ter, também, a sua quota de responsabilidade neste
processo.
O último dos oradores foi o docente do Técnico,
João Cunha Serra, que defendeu que é cada vez mais
necessária uma avaliação ao desempenho dos
docentes. No entanto é de opinião que "existe
falta de estímulos aos docentes para desempenharem de
uma melhor forma a sua função". O Governo
português devia apostar mais na área da investigação,
pois "apesar dos avanços registados a situação
é ainda bastante complicada, uma vez que nesta área,
Portugal ocupa ainda a cauda da Europa".
Uma das medidas sugeridas passa pela "criação
de quadros qualificados de docentes que pudessem trabalhar na
investigação durante mais tempo, havendo dessa
forma uma melhor flexibilização dos horários
dos próprios docentes". João Serra defende
que "cerca de 50% do tempo útil dos professores devia
ser ocupado com investigação".
Também a culpa no insucesso escolar não pode morrer
solteira. "Os alunos devem ser chamados à responsabilidade,
uma vez que têm as condições suficientes
para terminar os cursos que frequentam dentro dos prazos estabelecidos".
Durante a discussão que se seguiu, dois alunos do curso
de Ciências do Desporto aproveitaram a ocasião para
denunciar a situação que se vive actualmente dentro
do departamento, face a esta posição o reitor tomou
nota da ocorrência, escusando-se, porém, a tecer
qualquer tipo de comentário.
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