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Vivências multiculturais
em debate na UBI
"Aceitar as diferenças"
POR DANIELA MALHEIRO
A multiculturalidade e o bilinguismo
no âmbito da educação comparada foi tema
de reflexão nas III Jornadas Internacionais de Sociologia.
Um encontro de dois dias que reuniu na UBI professores, investigadores
e sociólogos de Portugal e França para debater
em conjunto problemas de educação e cultura.
A Universidade da Beira Interior
em colaboração com a Universidade do Algarve organizaram
as "III Jornadas Sociológicas Internacionais Bilingues
de Educação Comparada: vivências multiculturais
"vivre la multiculturalité"". O encontro
decorreu nos dias 19 e 20 de Maio no pólo das Ciências
Sociais e Humanas. A organização esteve a cargo
de Alice Tomé, da Universidade da Beira Interior, e Teresa
Carreira, da Universidade do Algarve.
Alice Tomé, socióloga responsável pelo Centro
de Estudos Sociais da UBI, foi de resto a primeira interveniente
fazendo breves reflexões sobre a educação.
O modo como se ensina e aquilo que
realmente se ensina nas escolas. O seu discurso foi pautado por
questões de alerta como a indisciplina dos alunos e a
falta de acção dos orgãos superiores. A
sua experiência de docência em França permitiu-lhe
falar sobre um panorama bastante diferente aquele que se vive
por lá, onde o professor tem sempre mais apoio e protecção.
"Desta forma é muito difícil ensinar com o
sistema que temos em Portugal"
Educação multicultural
e cultura comparada
Teresa Carreira, responsável
pelo laboratório de Sociologia da Educação
da Universidade do Algarve, falou sobretudo de democratização,
descentralização do ensino e autonomia das escolas.
Aspectos que, segundo explicou, levam à multiculturalidade,
que acaba por ser sempre "um grande esforço para
aceitar as diferenças".
A massificação veio trazer maior heterogeneidade
nas vivências entre os alunos, originando desta forma escolas
multiculturais "em que se passou a pedir às comunidades
locais uma maior adesão a projectos educativos".
Foi desta maneira que chamou o corpo social português de
multicultural, onde nós como actores educativos vamos
sendo objecto de comunicação.
Não quis deixar de vincar no fim da sua intervenção
que o propósito das jornadas é sobretudo repensar
a educação.
Da UBI estiveram ainda presentes Donizete Rodrigues, como presidente
da Unidade das Ciências Sociais e Humanas, para lançar
mais um livro seu, Johanna Schouten, que falou sobre multiculturalidade
e vestuário como forma de comunicação, e
João Dias das Neves, presidente do Departamento de Sociologia
e Comunicação Social e docente nesta área.
José Geraldes, como docente da UBI e director do semanário
Notícias da Covilhã foi moderador de duas mesas
redondas.
Oradores estrangeiros
Da Université de Bretagne
Occidentale em Brest, França, veio Alain Vilbord para
falar da escola no sistema educativo francês. "A escola
em França está situada no coração
da Constituição do Estado desde os finais do século
XIX, altura em que se instituiu como obrigatória, gratuita
e pública". Este convidado expôs os particularismos
regionais das escolas francesas.
Ali Ait Abdelmalek, director da Universidade de Rennes 2, em
França, abordou o lugar do social, um caminho algures
entre a solidariedade e a cooperação " expressões
que foram comuns na sociedade tradicional, mas que o individualismo
de hoje em dia apenas deixa lugar para o segundo caso".
Nestas jornadas, a par do lançamento de livro de Donizete
Rodrigues, foi também apresentada a obra de Alice Tomé
e Teresa Carreira "Mitos, arte, educação",
um dos livros vendidos no início da conferência
e igualmente o mais procurado pela maioria dos presentes.
No final, o balanço era bastante positivo tendo-se alcançado
a maioria dos objectivos propostos. A sessão de encerramento
foi dia 20 ao fim da manhã.
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