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Aldeias Históricas
Rigor e qualidade na
próxima fase
POR RAQUEL FRAGATA
Elisa Ferreira, Ministra do Planeamento,
deslocou-se a Almeida para observar de perto os resultados da
implementação do projecto de Recuperação
e Desenvolvimento das Aldeias Históricas de Portugal.
No passado sábado, dia 20 de Maio, técnicos e representantes
vários da região debateram com Elisa Ferreira o
balanço e perspectivas deste projecto, melhorias a introduzir
e a possibilidade do seu alargamento a outras regiões
do País.
Almeida, Castelo Novo,
Castelo Mendo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira,
Marialva, Monsanto, Piódão e Sortelha foram as
10 aldeias Históricas recuperadas pelos fundos do II Quadro
Comunitário de Apoio (QCA).
Elisa Ferreira trouxe até Almeida algumas ideias para
o alargamento do programa. Os seis milhões de contos do
III QCA poderão ser investidos em novos subprojectos como
as Aldeias de Montanha ou as Aldeias de Água, na zona
do Alqueva, porém com um rigoroso critério de selecção
e de manutenção da qualidade agora visível
nas recuperações já feitas. "Já
acolhemos vários projectos para o III QCA, que tem um
investimento associado maior que o anterior, portanto essa gestão
é feita projecto a projecto. Entretanto, estamos à
espera de luz verde de Bruxelas para a aprovação
do III QCA, mas esses projectos estão prontos a entrar
logo na primeira fase", afirmou Elisa Ferreira.
Nesta primeira fase foram investidos 4,3 milhões de contos,
do financiamento do II QCA de 5,7 milhões de contos para
o projecto. A ministra garantiu que os projectos apresentados
terão até ao início de 2001 para concluir
a sua execução.
A principal preocupação no futuro é a "exigência
total da manutenção da qualidade deste projecto".
"O alargamento do modelo a outras aldeias não poderá
ser indefinido, mas sim com critérios rigorosos, não
banalizando o conceito e a traça que constituem um importante
cartão de visita", defendeu a ministra do Planeamento.
As verbas do III QCA deverão ser investidas no desenvolvimento
dos núcleos urbanos ligados às aldeias. "Este
projecto deve ser o embrião para duas coisas: na própria
zona, dar atenção a um tratamento muito cuidado
nas intervenções dos núcleos urbanos dessas
aldeias que nem sempre crescem em harmonia; e, por outro lado,
investir noutras aldeias que, não tendo património
que justifique o título de Aldeia Histórica, merecem
um incremento na qualidade de vida dos naturais e na atractividade
turística".
"Animar a malta"
"Animar a malta" foi
um dos pontos do debate. Uma questão levantada pela delegada
da Região Centro do Ministério da Cultura, Ana
Pires. "O balanço deste projecto é muito positivo,
o que não quer dizer que não tenha condições
para ser melhorado. Para mim património não são
só pedras, temos que passar das pedras para as pessoas.
Só com a acção destas pessoas é que
um programa como este faz sentido. Sou absolutamente contra as
obras de fachada", disse Ana Pires, em declarações
aos jornalistas.
"É necessário animar a malta, mobilizando
os jovens e as gentes da terra, para permitir o eclodir de grupos
e propostas culturais interessantes, e esse facto tem a ver com
a falta de população motivada e esperançada".
Uma das sugestões para esta mobilização
é a criação de equipas de trabalho que intervenham
junto das populações, divulgando as iniciativas
e apoiando os projectos. "É por isso importante que
as pessoas consigam, de facto, fazer fluir os seus projectos,
para que ao nível do apoio técnico local possamos
robustecer a capacidade de dinamizar a informação,
nomeadamente através da investigação e da
formação profissional directamente financiáveis
pelo programa", defendeu a ministra.
Evitar a subsídio-dependência
A aposta deverá ir no
sentido da preparação das pessoas de forma a consolidar
as fontes de competitividade, dando formação hoteleira
e turística. A ministra Elisa Ferreira pretende que estes
projectos constituam futuramente um ponto de viragem da interioridade
para a fixação das pessoas.
"Agora há que aproveitar os resultados em oportunidades
de desenvolvimento. As pessoas estão mobilizadas. Aqui
em Almeida podemos ver que os presidentes da junta, os párocos,
as associações de desenvolvimento local e até
mesmo os jovens, ligados ou não à terra, querem
aqui lançar iniciativas. Por exemplo, iniciativas ligadas
aos cavalos, com "O Picadeiro D'el Rey", ou a actividades
desportivas radicais não poluentes, como o parapente,
cicloturismo e balonismo, e ligadas à valorização
da gastronomia, começam a adquirir muita dinâmica
respeitando um projecto comum."
A ministra louvou o investimento privado que se tem verificado
em algumas zonas. "É essa a dinâmica que se
quer criar caminhando no sentido, e gostava de o sublinhar, de
cada vez mais as pessoas se libertarem dos subsídios.
Os subsídios são dinheiro de fomento, de arranque,
não podem criar subsídio-dependências e depois
cair tudo no marasmo se o subsídio faltar. E eu acredito
que depois de 2007 não teremos o mesmo apoio para fazer
este tipo de trabalhos, esta é uma oportunidade única
mas que não pode criar dependência", sublinhou
Elisa Ferreira.
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