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Ornatos Violeta
pela primeira vez na Covilhã
POR SUSANA FERREIRA
A banda do Porto, que começa a conquistar o panorama musical
português, veio participar em mais uma noite académica.
A Anil esteve longe de estar esgotada. Os ubianos guardava-se
para o espectáculo dos James no dia seguinte. A abrir
o concerto estiveram os Woodstone, de Lisboa.
O serão de sexta-feira
começou com uma animada corrida às T-Shirts que
alguns patrocinadores ofereciam. As gargantas também não
podiam secar, como é de praxe nestes rituais académicos.
E assim se aguardava a chegada da música.
Os primeiros a subir ao palco foram os Woodstone. A banda de
Lisboa abriu as hostilidades mas a recepção por
parte do público foi pouco calorosa. Cantaram versões
de músicas conhecidas e alguns originais, sempre em inglês.
Um som 'rockeiro' e pleno de guitarradas, que mesmo assim não
foi suficiente para aquecer a plateia.
Após a entrada dos Ornatos na festa académica da
UBI, os aplausos subiram de tom. Com um som cuidado e uma presença
forte em palco, a banda prima pela originalidade das suas letras.
Um casamento entre poesia e mensagens irreverentes. Mas as músicas,
desconhecidas para a maioria dos presentes, nunca agarraram definitivamente
a assistência.
Os temas "Punk Moda Punk", do seu primeiro álbum,
e "Ouvi Dizer" ainda conseguiram provocar alguns coros
tímidos. No final, um fraco "Olé, Olé,
Olé", chamava pela segunda vez a banda ao palco.
Três músicas depois era a despedida de Manel Cruz
e seus companheiros.
Fazer boa música
Elisio Donas, teclista dos Ornatos
Violeta, falou para o Urbi no final do espectáculo. Este
concerto teve para ele um sabor especial. É que este 'ornato'
passou toda a sua infância na Covilhã e este foi
o primeiro concerto que deu para os seus conterrâneos.
"Foi - afirma - como regressar à base. Incrivel estar
aqui a tocar e ouvir o público cantar as nossas músicas".
Com nove anos de existência, o grupo lançou dois
albuns. "Cão" e, em Novembro de 1999, "O
monstro precisa de amigos". Este trabalho, muito elogiado
pela crítica, está a receber uma boa aceitação
no mercado. Brevemente, poderão receber o disco de prata.
Elísio reconhece que "as coisas têm corrido
bem" mas para os Ornatos "o mais importante é
fazer boa música".
A banda surgiu pela necessidade de transmitirem as suas vivências
aos outros. Nenhum dos elementos do grupo tinha qualquer experiência
musical. Limitaram-se a aprender a tocar e exprimir aquilo que
sentiam. "Nós somos pessoas que se juntaram para
partilhar algo, e não para lançar álbuns
e dar concertos", explica.
As suas músicas nascem, pois, daquilo que são as
suas vidas. "Há -defende - uma procura constante
de partilha. Não faz sentido criar algo para ti".
E finaliza: "Enquanto as pessoas cantarem os nossos temas,
nós ficamos aqui. Quando forem só cinco palhaços
a tocar, aos saltos no palco, nós desistimos".
A banda revivalista
Os Woodstone vieram de Lisboa
e existem há três anos. Começaram por ser
uma banda de bares a cantar temas conhecidos. O ano passado decidiram
que tinham de começar a fazer originais e concorrer a
concursos. Ganharam o Prémio Maquete no Porto. Em 1998,
foram considerados a melhor banda rock. O grupo espera gravar
o seu primeiro álbum em Outubro.
Maria João, vocalista dos Woodstone, está confiante
numa boa receptividade da parte do público. "A nossa
música pode vingar em Portugal. Há um maior revivalismo
e as pessoas estão a voltar ao rock", salienta.
A vocalista gostou de tocar na semana académica apesar
do pouco entusiasmo da assistência: "Adoramos estar
na Covilhã. É uma cidade muito bonita. Por enquanto
ainda não somos muito conhecidos. As pessoas não
reagem tão bem porque estão aqui para ver outras
bandas".
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