|
CIL anula encomendas
"Governo quer ver-se
livre
da empresa a todo o custo"
- acusa António Santos,
dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Têxtil
POR RICARDO GUEDES PEREIRA
Durante a última semana,
o CIL - Complexo Industrial de Lanifícios anulou uma encomenda
de 80 mil metros de tecido, em virtude de não dispor de
capacidade financeira para adquirir matérias primas. A
novidade foi avançada ao NC por António Santos,
dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Têxtil (SINDTEX),
acrescentando que, depois desta anulação, o montante
de encomendas recusadas desde Agosto último até
agora, ascende a 350 mil contos.
Os trabalhadores da empresa, tal como o NC referiu na sua edição
de 28 de Arril, estão descontentes com o processo de viabilização
e recuperação do CIL, várias vezes defendido
pelo Governo de António Guterres em campanha e em funções.
O SINDTEX entende que o "Governo quer ver-se livre da empresa
a todo o custo", ao promover negociações secretas
entre o Sistema de Intensivos Regionais às Pequenas e
Médias Empresas (SIRME), entidade responsável pela
nomeação da administração do CIL,
e um empresário covilhanense do sector. O interessado
é João carvalho, proprietário da FITCOM,
outra empresa têxtil, que já confirmou publicamente
o interesse na aquisição.
Desânimo dos trabalhadores
Neste momento, alguns trabalhadores
estão a abandonar a empresa. Esta saída ocorre,
na opinião daquele agente sindical, porque cresce o desânimo
entre os empregados. O principal responsável por este
sentimento é o Governo, acusado de deixar de assumir as
suas responsabilidades. "Quanto menos trabalhadores melhor
para o Estado, uma vez que não é obrigado a pagar
indemnizações e salários em atraso",
argumenta António Santos.
Recorde-se que a administração do CIL está
a cargo da Sociedade Têxteis da Beira Interior (STEBI),
em sessão de exploração. No entanto, a administração
da empresa encontra-se demissionária. Os trabalhadores
aguardam a qualquer momento que seja nomeada uma nova administração.
António Santos, a fim de garantir a viabilização
da empresa a longo-prazo, propõe que a administração
do CIL se mantenha sob a alçada do STEBI e sejam interrompidas
as negociações da sua venda.
A razão para esta tomada de posição é
simples: os operários sentem-se colocados à margem
do processo negocial e acreditam que o empresário covilhanense
pretenda reduzir, drasticamente, o seu número.
Se a situação não for resolvida a contento
dos trabalhadores, António Santos ameaça com a
mobilização de manifestações para
a porta do Ministério das Finanças e Economia,
em Lisboa.
|
|