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Câmara Municipal já
avisou
Realojamento pago com
fim à vista
POR CRISTINA MENDES
A Câmara Municipal da Covilhã pretende deixar de
suportar as despesas do realojamento das oito famílias
afectadas pelo desmoronamento das Muralhas. José Lemos,
vereador da CDU, manifestou-se contra na Sessão Pública
da Assembleia Municipal e a decisão, já comunicada
aos interessados, foi adiada
Os moradores da zona histórica
da Covilhã, desalojados desde o fim do ano, viram a sua
vida a andar para trás quando receberam uma carta da Câmara
a comunicar que o alojamento pago terminava no início
deste mês. O assunto veio a lume na sessão pública
da Assembleia Municipal pela mão de José Lemos.
O vereador da CDU, em substituição de Victor Reis
Silva, mostrou-se sensibilizado com a situação
das famílias e considerou a suspensão "um
acto de violência porque a Câmara comprometeu-se
a garantir o alojamento". A autarquia, por seu lado, alega
que as despesas são muito elevadas e que os abusos já
se verificaram. "Fazem-se bons jantares, com bons vinhos
e bons queijos, convidam-se os amigos, e a Câmara paga",
afirma João Esgalhado, vereador responsável pela
Protecção Civil. "Além de que nunca
se pensou assegurar o realojamento dos cidadãos por tempo
indefinido, as pessoas já tiveram tempo suficiente para
encontrarem alojamento", assegura.
Início dos trabalhos
é decisivo
A Assembleia Municipal, no entanto,
decidiu esperar devido ao iminente começo dos serviços
de recuperação do monumento pela Direcção
Geral dos Edifícios e Monumentos Históricos. A
verdade é que estes deviam ter começado há
um mês e a espera dura até hoje. Os atrasos devem-se
ao mau tempo e às difíceis negociações
sobre o financiamento dos trabalhos. O Gabinete de Obras está
a acompanhar o processo e, embora sem datas concretas, tudo indica
que as obras começarão em breve. Assim sendo, tudo
se mantém igual para as oito famílias alojadas
nas pensões da cidade. A reconstrução deverá
demorar 45 dias, durante os quais a Câmara garante o pagamento
de todas as despesas. "Nada se altera se houver possibilidade
de começar a trabalhar, o problema ficar resolvido nesse
espaço de tempo e as pessoas retornarem à sua vida
normal ", garante João Esgalhado. Quanto aos abusos
os avisos já foram dados, a facturação está
a ser acompanhada e só são liquidados os gastos
referentes ao agregado familiar . "Espero que não
haja mais situações desta índole",
afirma o vereador da Protecção Civil. Mas o aviso
mantém-se: as despesas pagas têm os dias contados.
Parque habitacional doente
As vítimas do desmoronamento
não são as únicas a queixarem-se de casas
sem condições. As intervenções na
sessão pública da Assembleia Municipal estão
na sua maioria relacionadas com a degradação do
parque habitacional da cidade. Com tanta queixa João Esgalhado,
responsável também pela Habitação,
é o homem mais procurado por quem vive em condições
inumanas. A degradação é um doença
que se alastra por toda a cidade mas as zonas mais afectadas
são as freguesias de Santa Maria, São Pedro e São
Martinho. Zonas históricas que é preciso recuperar
sob pena de desertificação das zonas centrais da
cidade. São muitos anos de descuido e deterioração.
"A deterioração das habitações
verifica-se por todo o país e a Covilhã não
é excepção", assegura este responsável.
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