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Greve nacional dos estudantes
do Secundário
Campos Melo faltou
às aulas
POR SUSANA FERREIRA
A escola secundária
da Covilhã teve uma adesão de cem por cento à
greve dos estudantes. Os alunos convocaram a esta paralização
nacional por discordarem da nova revisão curricular, que
deverá estar implantada até 2004. O maior motivo
de descontentamento é o 13º ano. Os estudantes dizem
que querem ser ouvidos no processo de decisão, pois dele
poderá depender o seu futuro. Por todo o País,
e também na Covilhã, houve um coro de manifestações.
O ministro é que continua firme. A reforma vai avançar.
Como tem sido habitual nos últimos
anos, na passada quinta-feira os estudantes do Ensino Secundário
fizeram greve. Uma paralização que se verificou
por todo o País. A cidade da Covilhã juntou-se
aos protestos. Na Escola Secundária Campos de Melo a adesão
foi de 100 por cento. Durante todo o dia, as salas de aula encontraram-se
vazias. No entanto, ao contrário de outros locais, não
houve qualquer manifestação organizada de alunos.
O presidente da Associação de estudantes daquele
estabelecimento de ensino, Bruno Barros, explicou ao Urbi as
razões desta greve. Há um claro descontentamento
em relação à nova revisão curricular.
Os estudantes defendem que estas medidas "não têm
legitimidade" porque os principais interessados "ficaram
de fora no processo de decisão". "A discussão
deve ser reaberta, uma vez que os alunos e professores não
foram ouvidos", defende o jovem dirigente associativo.
As restantes reinvindicações passam pela anulação
do projecto da Área Escola, e das aulas de 90 minutos.
As provas globais voltam a fazer parte da lista de reclamações,
seis anos depois do seu aparecimento.
Não a um 13º ano
A inclusão do 13º ano é uma das decisões
mais polémicas deste plano curricular. Bruno entende que
esta "é mais uma forma do Governo encurralar os estudantes
no acesso ao Ensino Superior. Os mais prejudicados são
os alunos do ensino tecnológico, que são obrigados
a fazer mais um ano quando não pretendem prosseguir os
estudos."
Os alunos da Campos Melo pedem ainda a implementação
da Lei de Educação Sexual, já aprovada:
"Todas as leis são para cumprir, não apenas
as que lhes interessam", desafia Bruno Barros.
Na Escola Secundária Frei Heitor Pinto a adesão
foi menor e havia ainda algumas aulas a decorrer. os estudantes
começaram a faltar mais a partir das 11 horas da manhã.
Uma decisão espontânea quendo se tornou público
que o País estava em greve. O Urbi não conseguiu
falar com ninguém da Associação de Estudantes.
O Concelho Executivo da escola também não tinha
recebido qualquer comunicação dos alunos.
Ministro desvaloriza acontecimentos
Lisboa, Porto e Faro foram algumas
das localidades que viram os estudantes sair à rua em
sinal de protesto. Cerca de 50 mil manifestaram-se por um ensino
melhor. Uma contestação ao sistema educativo que
começa a ser habitual. Os alunos tiveram o apoio de algumas
figuras da oposição, como é o caso de Odete
Santos e Francisco Louçã.
O ministro da Educação, Guilherme de Oliveira Martins,
mostrou-se pouco preocupado com a contestação estudantil.
na sua opinião, os alunos "estão mal informados".
Há uma certa confusão em relação
à nova revisão curricular, nomeadamente no que
diz respeito às aulas de 90 minutos. Oliveira Martins
reafirmou ainda a sua posição de que a regulamentação
vai avançar, tal como previsto, até 2003-2004. |
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