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Um Observatório de mulheres
"A
casa, que deveria ser um local seguro e de afecto, é o
lugar mais perigoso de todos". Palavras da ministra da Igualdade,
Maria de Belém, que presidiu a conferência "Violência
Contra as Mulheres: Tolerância Zero - Encerramento do Ano
Europeu", que decorreu em Lisboa na semana passada.
Contrariamente ao que o senso-comum
nos dita, a pobreza, o álcool, a droga e a falta de educação
não são factores determinantes da violência
familiar. Paradoxalmente, esta parece ser proporcional ao aumento
dos rendimentos e do nível educativo. Uma conclusão
surpreendente de estudos realizados na Holanda, na Finlândia
e na Itália, onde metade dos casos de agressão
doméstica envolvem licenciados.
O fenómeno da violência doméstica atinge
tais proporções que, actualmente e a nível
global, a mulher entre os 15 e os 44 anos tem mais probabilidades
de ficar mutilada ou morrer vítima de agressão
masculina do que de cancro, malária, acidentes de viação
ou guerra, considerados em conjunto.
Os números apresentados na conferência "Violência
Contra as Mulheres: Tolerância Zero - Encerramento do Ano
Europeu", que decorreu em Lisboa no final da semana passada,
no âmbito da presidência portuguesa da União
Europeia, justificaram o pedido para a criação
de um Observatório para as questões femininas.
O pedido e os números foram apresentados pela comissária
europeia do Emprego e Assuntos Sociais, Anna Diamantopoulou,
e pela presidente da comissão para a igualdade e para
os direitos das mulheres do Parlamento Europeu, Maj Britt Theorin,
que lembram assim que a esfera privada não deverá
nunca servir como álibi para o crime e a violência.
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