Pintura
"Cumplicidades "
no Teatro-Cine
POR RITA LOPES
Os covilhanenses podem
visitar e apreciar pela primeira vez uma exposição
inédita de três amantes da arte, que durante anos
marcaram presença na região. Maria Alice Fael,
Fernanda Lopes e Nuno Ribeiro são os protagonistas da
mostra que desde sexta-feira, dia 5, está patente ao público
no hall do Teatro-Cine. Três amigos, três gerações,
três formas de ver a arte. Em comum a amizade, a vivência
e a saudade da Cova da Beira.
Demonstrar o respeito e afeição
pelo interior, e sobretudo pela cidade da Covilhã, "dando-lhe
a alma da nossa pintura", foi o principal motivo que levou
este trio da arte a trazer os seus trabalhos a este local. Resultado
de um forte apoio mútuo e de grande entusiasmo, esta exposição
retrata bem o sentimento que move estes pintores na mostra das
suas obras.
"Cumplicidades" é o nome escolhido para a exposição
que, segundo Fernanda Lopes, "é o único sinónimo
para nós e para a nossa longa amizade". Assim, vinte
e três quadros são os ingredientes deste mundo de
sonho e criatividade. Embora tenham gerações, estilos
e temas distintos, as obras revelam o recanto de cada pintor,
pautando-se a naturalidade de Nuno Ribeiro, o sentimento de Fernanda
Lopes, e o idealismo de Maria Alice Fael.
Embora para os pintores seja "muito difícil desligarmo-nos
dos quadros", quem se dirigir ao Teatro-Cine também
pode adquirir algumas peças. Os preços variam entre
os 80 e os 250 contos. Contudo, como refere Nuno Ribeiro "não
é pelo dinheiro que estamos aqui, mas para darmos um pouco
do que temos".
Pouca publicidade
Apenas com três dias de
abertura ao público, os responsáveis pela exposição
já se vão queixando da falta de adesão e
interesse do povo da Covilhã, sobretudo comparando com
outros locais onde têm exposto. "Ainda não
estão muito interessados na arte. Em Tomar, por exemplo,
vai sempre muita gente", afirma Maria Alice Fael. Mas, como
acrescenta a pintora, "ainda temos mais uma semana".
Contudo, admitem que a pior falha foi a falta de publicidade.
Apesar de terem enviado convites particulares, a imprensa não
foi a desejada. "Mandámos para todos os jornais e
só um é que aderiu", salientam.
Quanto aos apoios, contaram apenas com a Câmara Municipal
local na cedência do espaço, e de um empregado para
vigiar a exposição, na ausência dos responsáveis.
Quem ainda não passou pelo Teatro-Cine ainda o pode fazer
até ao dia 14 deste mês, último da mostra,
das 14 às 18h30.
Covilhã no coração
Naturais de Tomar, os pintores têm uma grande ligação
a esta cidade serrana. Maria Alice Fael, 66 anos, aposentada
do ensino secundário, leccionou 30 anos na Escola Frei
Heitor Pinto; Fernanda Lopes, 38 anos, juiza, passou dois anos
na região exercendo a profissão no Fundão;
Nuno Ribeiro, 27 anos, estudante na Universidade de Coimbra,
foi aluno na Escola Frei Heitor Pinto cerca de dois anos. Hoje,
mesmo longe, relembram que "a passagem por esta terra nos
marcou muito e por termos gostado decidimos voltar para mostrar
o nosso trabalho a esta gente que tão bem nos acolheu",
sublinha Maria Alice Fael.
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