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Obras na Trapa avançam
Bom cinema de volta à
cidade
POR CRISTINA MENDES E SANDRA CUNHA
Depois de mais de dois anos de
ausência de programação, nos finais deste
mês de Maio, a Covilhã vai ser palco de uma estreia
que vai revolucionar a vida dos cinéfilos da cidade: a
nova sede do Cine-Clube Universitário da Beira Interior
vai finalmente ser inaugurada.
Com a nova sede, o CCUBI tem para oferecer mais do que bons preços:
programação e equipamento de qualidade. Um café-concerto,
camarins e alojamento para convidados, constam também
das obras que já decorrem e que o Urbi et Orbi foi visitar,
numa volta guiada pelo director Pedro Ramos.
Sem nunca ter parado de facto, o CCUBI volta agora exibir cinema
alternativo. Contudo, os últimos dois anos, em que por
ausência de sala não foi feita programação,
permitiram o amadurecer de algumas ideias, através de
workshops, acções de formação e produção
de vídeos.
Nesse sentido, foram estudadas todas as infra-estruturas existentes
na Covilhã, e se numa fase inicial se pensou que o projecto
pudesse funcionar no Teatro-Cine, o espaço agora encontrado
tornou o sonho muito mais real. "Era a única infra-estrutura
capaz de nos albergar com qualidade; o outro projecto não
estava dimensionado para o Teatro-Cine."- diz Pedro Ramos,
ao chegar ao edifício na rua da Trapa.
Visto de fora o aspecto degradado é notório, mas
no interior o trabalho dos pedreiros decorre a bom ritmo e transforma
as paredes que davam já ao espaço um ar da sua
graça.
Entre as salas de arrumações, de administração
e da bilheteira, Pedro Ramos apresenta aquela que será
a grande responsável por manter o espaço sempre
agradável e propício ao convívio, através
da música, poesia, etc. Uma espécie de café-concerto
onde terão lugar diversas actividades e onde se pode mesmo
beber um copo num local onde se respira cultura.
Aqui, tudo estava relativamente adiantado, para completar esta
ampla sala, com duas enormes janelas donde se avista a serra.
Apenas fica a faltar o mobiliário.
Um andar abaixo, berbequins e picaretas trabalham aquela que
será a nova sala de projecção. "A escolha
do local prende-se com o melhor aproveitamento das infra-estruturas.
No anterior projecto, só seria utilizada uma parte do
teatro-cine, e o som não seria adequado à estrutura
da sala. O equipamento já está dimensionado para
uma sala de cem pessoas como a que aqui vai existir", explica
o director do CCUBI.
Dois em um
A amizade com o GICC - Teatro
das Beiras, que trabalhou nestas instalações durante
dez anos, foi um dos factores de decisão. A gestão
e programação de actividades será feita
conjuntamente com o GICC. Este é proprietário do
edifício; já o Cine-Clube é responsável
pelo equipamento e programação cinematográficas.
"Saímos todos beneficiados porque ambos trazem pessoas
a este espaço cultural".
A sala de projecção vai ficar equipada com o som
Dolby Stereo Surround, o melhor a seguir ao digital, o qual,
segundo o director, é também uma das pretensões
futuras da casa. Um projector de 35 mm e um ecrã de projecção
movível e electrónico completam o equipamento disponível.
Deste modo, a sala é polivalente, utilizada pelas duas
associações nas suas diferentes vertentes em continuidade,
teatro/cinema e vice-versa.
As traseiras do edifício vão ser transformadas
em salas de adereços e camarins, ligados à sala
de espectáculos. Um dos objectivos é ainda criar
um alojamento para companhias visitantes.
Centro Cultural com descontos
Os 10 mil contos, comparticipados
em 40% pela autarquia e 60% pelo ICAM (Instituto do Cinema e
Artes Multimédia) destinam-se apenas à aquisição
do equipamento cinematográfico, e o valor total das obras
do edifício ainda não é conhecido. Relativamente
ao protocolo com o ICAM, o CCUBI compromete-se a exibir cinema
alternativo num total de 164 sessões por ano, pois esse
é, afinal, o objectivo da sua fundação.
O edifício da Trapa vai ser um pequeno centro cultural,
animado por actividades dinamizadas pelas duas associações
nele sediadas. Os sócios de ambas terão vários
tipos de desconto que podem ir até aos 250$00. Qualquer
estudante terá desconto mediante a apresentação
do cartão, e todos os idosos utentes do cartão
do idoso beneficiarão de uma redução de
50% do preço base que é 500$00. Além disso,
existe toda uma série de descontos em apresentações
de espectáculos de música, sessões duplas
e curtas metragens em que o sócio do CCUBI só paga
um bilhete ou nem sequer paga. "Juntando a tudo isto, a
possibilidade de ir à sala do Tortozendo, com quota de
2 mil escudos anuais, os sócios do CCUBI têm vantagens
que não encontram noutro local"- diz Pedro Ramos,
confiante.
Este novo centro cultural abrirá ao público em
fins de Maio, mas a funcionar em força só estará
mesmo em Setembro próximo. Entretanto, o cine-clube já
anuncia: "O bom cinema está de volta à cidade".
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