Ambientalistas recusam barragem
no rio Paiva
Um corredor ecológico
da maior importância
Cinco associações
ambientalistas uniram-se para lutar contra o projecto que prevê
a construção de uma barragem no rio Paiva e chamar
a atenção para a necessidade de preservar outras
áreas fundamentais dos arredores do Grande Porto. Porque
os espaços naturais não devem ser encarados como
meros meios de expansão da malha urbana.
A comemoração do
Dia Mundial da Terra, no último sábado, foi a ocasião
escolhida por cinco associações ambientalistas,
entre as quais o núcleo portuense da Quercus, para "salientar
a importância das áreas naturais do Porto e concelhos
envolventes". Neste sentido, defendem que o projecto de
construção de uma barragem no rio Paiva, cuja albufeira
estaria destinada a abastecer o Grande Porto, deve ser abandonado.
O rio Paiva, muitas vezes rotulado como o menos poluído
da Europa e proposto para a Rede Natura 2000, é descrito
pelos ambientalistas como "um corredor ecológico
da maior importância", sustentáculo de todo
um ecossistema entre a serra de Montemuro e a serra da Freita.
Da preservação deste curso fluvial depende a sobrevivência
de algumas espécies vulneráveis, como o lobo, a
lontra, a toupeira-de-água, a salamandra-portuguesa e
o lagarto-de-água.
No comunicado em que manifestam a sua posição contra
o projecto da barragem, as associações ambientalistas
mencionam ainda outras áreas do Grande Porto que será
importante preservar. É o caso da barrinha de Esmoriz,
das serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores, Banjas,
Freita e Aboboreira, e ainda a reserva ornitológica do
Mindelo. Este último caso revela-se particularmente grave.
Zona votada ao abandono, tem ido utilizada como depósito
de entulho, para práticas de todo-o-tereno, extracção
de areias, captura e abate de aves, sendo ainda vitimizada pelo
avanço do mar devido à destruição
do cordão dunar. Esta situação é
agravada pela total inexistência de fiscalização.
Um retrato negro mas real da primeira área protegida instituída
no nosso País. |