Cartazes de
Abril
POR CATARINA
MOURA
Liberdade - um conceito banal e abstracto
para as novas gerações, uma descoberta sentida
de corpo e alma para as de então.
Hoje já é difícil imaginar o que era viver
neste Portugal de há vinte anos, onde era rara a família
que não tinha alguém a combater em África,
o serviço militar durava quatro anos, a expressão
pública de opiniões contra o regime e contra a
guerra era severamente reprimida pelos aparelhos censório
e policial, os partidos e movimentos políticos se encontravam
proibidos, as prisões políticas cheias, os líderes
oposicionistas exilados, os sindicatos fortemente controlados,
a greve interdita, o despedimento facilitado, a vida cultural
apertadamente vigiada.
A anestesia a que o povo português esteve sujeito décadas
a fio é em grande parte responsável pela euforia
revolucionária que se viveu a seguir ao 25 de Abril de
1974, durante a qual Portugal tentou viver as décadas
da história europeia de que se vira privado pelo regime
ditatorial.
Subitamente, os que antes não tinham voz agora podem gritar.
Os partidos políticos nascem ou saem da sombra, sacodem
o pó do tempo, querem mostrar que estão vivos,
conquistar. Os cartazes surgem colados por toda a parte, dando
expressão às mais diversas e antagónicas
tendências políticas. |