Carlos Pinto assegura construção
"Novas barragens
garantem água até 2028"
A meio do mandato, o presidente
da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, fala dos projectos
que pretende levar para a frente nos próximos dois anos.
Do Plano Estratégico para 2030, que promete revolucionar
a área urbana covilhanense, ao Parque de Tecnologia e
Desenvolvimento, passando pelas novas barragens e vias de comunicação,
o autarca revela as linhas estratégicas a seguir .
Qual a situação
do abastecimento de água à Covilhã e ao
Concelho?
Carlos Pinto - A não
serem rapidamente aprovados pelo Ministério do Ambiente,
os projectos das novas Barragens, mandados realizar pela Câmara
e já submetidos há meses a este Ministério,
corremos sérios riscos de falta de água em épocas
de seca, ou nos meses de Verão.
E faltar água na Covilhã, onde ela escorre pela
montanha, é a última coisa que os covilhanenses
podem aceitar. Faltar água na Covilhã, onde basta
armazená-la a montante, significaria a inexistência
duma política da água em Portugal.
De quem á a responsabilidade
de ainda não estar construída a Barragem?
C. P. - Importa-me mais
o futuro do que o passado. Mas é conhecida a responsabilidade
da Associação de Municípios da Cova da Beira,
sobretudo do actual presidente, António Dias Rocha, que
tudo fez para obstruír a resolução rápida
deste problema.
Não posso deixar de dizer toda a verdade aos covilhanenses.
Estes são os factos. Há muitos anos que esta Associação
obteve um alvará para uma nova Barragem na Ribeira das
Cortes/Penhas. Supostamente para ser construída, abastecer
de água e produzir energia. Não obviamente para
encaixilhar e expôr na parede. Não para criar patrimónios
documentais, mas para aproveitar um recurso natural do Concelho
da Covilhã, e servir os cidadãos. O dito alvará,
passados anos, não serviu para nada apesar dos milhões
de Bruxelas para apoio a estas obras. A Associação
não concretizou o projecto, nem a obra e não concursou
para a construção de terceiros. Pior, recusou a
cedência do alvará à Câmara da Covilhã
e acaba agora, afrontosamente, de o entregar a uma entidade de
Lisboa, a troco não sei de quê.
Quer tornar público
de quem se trata?
C. P. - Uma entidade,
certamente respeitável, mas a quem a região até
agora nada deve e que fica com um alvará na mão,
anunciando de imediato, que nem sequer pretende investir, para
já, em barragens.
No mundo dos negócios da água, pode dizer-se que
ainda há quem ceda alvarás pelo "preço
da chuva". Certamente mérito negocial de quem os
obtém, quando se encontram parceiros tão compreensivos.
Menos aceitável é que, quem preside à Associação
e a um município, que poderia também ser abastecido
por esta barragem e por adução gravítica,
não tenha sido capaz da erguer e, pior ainda, tudo tenha
feito para não a deixar fazer à Câmara da
Covilhã.
É um prejuizo para a Covilhã?
C. P. - Prejudicou-se a cidade, sem dúvida, mas perdeu-se
também a oportunidade de fornecer melhor água a
Belmonte, a partir das Penhas da Saúde e com menor custo.
É evidente que vamos fazer a Barragem noutro local das
Penhas. Apesar destas obstruções, inodoras e insipidas.
Mas perdeu-se tempo escusado.
Como é que se resolve este caso?
C. P. - A cidade está a crescer, o consumo aumenta
e, como é sabido, a Barragem Cova do Viriato é
insuficiente. Aliás esta Barragem precisa de obras de
conservação com muita urgência, situação
reconhecida pelo próprio INAG - Instituto Nacional da
Água.
Antes de fazer obras na Barragem é preciso uma alternativa
de abastecimento. Devo dizer que não compreendo, neste
quadro de situação preocupante, o silêncio
deste organismo pelos problemas de abastecimento de água
com que se debate a Covilhã. Até hoje, ainda não
vimos o Instituto da Água minimamente activo e a tomar
iniciativas quanto ao problema. Suscita perplexidade a cedência
de alvará a uma Associação, que depois a
mete na gaveta. É incompreensível que os projectos
de impacte ambiental e a sua discussão demorem mais tempo
do que o estudo e a realização dos projectos. Tudo
se passa com uma lentidão como se estivessemos a tratar
do abastecimento para as necessidades daqui a 10 anos, quando
a carência da água é dramaticamente de hoje.
Fizemos o nosso trabalho, é preciso que a "burocracia
do ambiente" não atrase os projectos municipais.
Qual o calendário das
obras a lançar?
C. P. - Queremos abrir
concurso, ainda este ano, para a nova Barragem das Penhas da
Saúde, com uma capacidade de armazenamento de dois milhões
e 200 mil metros cúbicos e um fornecimento de 6.000.000
de metros cúbicos anuais, e para a Barragem da Ribeira
da Atalaia/Teixoso (armazenamento de 530.000 metros cúbicos
e fornecimento de 900.000 metros cúbicos anuais).
Fica, assim, garantido o abastecimento, em quantidade e qualidade,
até ao ano 2028, já com o prevísivel crescimento
do concelho. De tudo isto já demos conta ao ministro do
Ambiente, de quem esperamos uma intervenção decisiva
no âmbito dos departamentos da tutela. Se tudo correr bem,
em 2003, a Covilhã terá garantido o abastecimento
de água, mesmo que haja seca durante um ano.
"Despoluição
das Ribeiras é uma certeza"
A água está
relacionada com o saneamento básico. Para quando a despoluição
das Ribeiras?
C. P. - Assinámos,
na passada semana, um protocolo de cooperação com
uma empresa pública, depois de longos meses da árduas
negociações, em que tivemos de calar muitas incompreensões
e ataques de quem quis fazer deste processo uma arma de arremesso
contra a Câmara.
Mas, hoje, posso dizer que defendemos, com este acordo, único
nos seus termos, o que é nosso, sem cedências a
leviandades negociais que outros propunham.
Quer explicar melhor?
C. P. - Parece que há
por aí quem esteja contente em participar da empresa multimunicipal,
em minoria meramente residual. Sem qualquer poder efectivo de
controle, a não ser o poder de assistir àquilo
que outros decidem. Para além de entregarem o património
em redes municipais.
Que lhes faça proveito. Mas não queria estar na
pele dos municipes de certos concelhos, cujas tarifas de água
deixarão, brevemente, de ser controladas, efectivamente,
pelos seus eleitos. A não ser que aceitem e se vulgarize
para as famílias de alguns concelhos vizinhos, os aumentos
da água na dimensão dos aumentos dos combustíveis
da passada semana.
Mas quais os termos do acordo
efectuado pela Câmara da Covilhã?
C. P. - Mediante este
acordo está definida a responsabilidade pela concepção,
projecto, construção dos emissários, da
ETAR, das instalações, aquisição
dos equipamentos da respectiva exploração, do sistema
"em alta", de drenagem, tratamento e rejeição
de águas residuais, das 10 freguesias da zona da Grande
Covilhã.
A Câmara Municipal, como sempre defendi, não alienou
um centavo do seu património das redes de água
e de saneamento, apenas se compromete a ser cliente para o tratamento
de esgotos, na futura grande ETAR da Ponte Pedrinha. Reservando-se
o direito de, previamente, acordar as tarifas. E mais. Até
30 de Junho de 2001, serão obrigatoriamente adjudicadas
as obras de despoluição da Ribeira da Carpinteira
(mais de cinco quilómetros de emissário gravítico)
e Ribeira da Degoldra (quase três quilómetros de
emissário gravítico). Trata-se de uma grande notícia
para a cidade e de mais um dos compromissos para este mandato,
que tem garantido o seu cumprimento.
E quanto aos outros emissários?
C. P. - Em relação aos emissários de
Gibaltar, Canhoso, Ribeira de Flandres, Ribeira da Água
Alta, Belozêzere, Teixoso e Tortosendo, ficou estabelecido
que terão de estar concluídos em 2004.
Despoluir as ribeiras da Covilhã é uma aposta de
gerações. A Câmara ficará, indelevelmente,
ligada a esta grande obra.
Avenida urbana une Tortosendo e
Teixoso
Podemos falar de outros projectos
com a mesma importância noutras áreas municipais?
C. P. - Que melhor lugar
que o Notícias da Covilhã, para anunciar, em primeira
mão, o "Plano Estratégico 2030 - Covilhã"
e o novo "Plano de Urbanização".
O primeiro, depois de meses de elaboração e trabalho
intenso, é o mais importante documento de projecção
do concelho, em termos estratégicos, e está pronto.
Será analisado na sessão camarária de hoje,
sexta-feira, 7, submetido a discussão pública e
enviado para a Assembleia Municipal nos próximos dias.
Trinta anos depois do Grupo de trabalho da Cova da Beira, estamos
perante o maior desafio de planificação do concelho,
com repercussão para os próximos trinta anos.
Quer referir algumas das linhas
mestras do Plano?
C. P. - Em traços
gerais, a Covilhã será uma cidade ainda maior,
estendendo-se desde o Tortosendo até ao Teixoso. Na mancha
delimitada pelo Parque Industrial do Tortosendo e pelo Parque
Industrial do Canhoso, vão nascer zonas residenciais,
equipamentos de cultura e desporto, áreas verdes, de lazer
e entretenimento.
Numa palavra, uma cidade nova. Estruturada pelo eixo TCT, mas
também pela actual Variante, que será uma grande
avenida urbana, municipalizada até Vale Formoso. Mas também
uma aproximação da sede do concelho à componente
mais rural. O eixo TCT, com a obra para a estrada do Dominguiso,
criará uma fluidez de tráfego rápido para
o Barco e, futuramente, para o Ourondo. Daqui partirá
a nova via para a Aldeia de S. Francisco e S. Jorge da Beira,
que ficam a minutos da Covilhã. O novo acesso a Verdelhos
e Sarzedo fár-se-à pela auto estrada dos novos
túneis para o lado de lá da nossa Serra. Estamos
a falar de um projecto para renovar completamente o concelho.
Como está a Variante
a cidade?
C. P. - O Instituto de
Estradas é responsável pela obra, mas até
agora ainda não informou a Câmara da conclusão
do projecto.
Temos vindo a insistir na urgência dessa decisão.
Parque Tecnológico: "UBI
é fundamental"
E quanto à criação
de emprego?
C. P. - A primeira fase
do Parque Industrial do Tortosendo, com 40 hectares, será
inaugurada no dia 1 de Julho próximo.
Nessa altura, 40 empresas estarão em obras ou terão
o seu projecto já aprovado. Entretanto, a 2ª fase,
com 60 hectares, terá infra-estruturas a começar
logo após o Verão deste ano, para onde existem
já 80 empresas escritas.
Todas dos sectores tradicionais?
C. P. - Hoje não
se deve falar de sectores, mas de boas ou más empresas.
Todos os empresários de todos os sectores são bem-vindos
à Covilhã, sem embargo de, também, querermos
avançar noutros domínios.
Será no Tortosendo que ficará o projecto que reputo
de incidência incalculável para o futuro do concelho
e desta região. O Parque de Ciência e Tecnologia
da Covilhã. De iniciativa desta Câmara, está
garantida a participação da Universidade, da Associação
Empresarial da Covilhã, do NERCAB, de uma entidade bancária
e aguarda-se a confirmação duma Fundação
Internacional, para o desenvolvimento.
20 hectares para qualificar e localizar novo investimento nas
áreas ligadas às novas tecnologias da comunicação,
biologia, investigação bio-quimica. É sobretudo
um grande repto à nossa Universidade para se ligar, em
definitivo, à criação de emprego, ao aparecimento
de novos empresários e de novos produtos. A Câmara
está a criar as condições físicas,
mas é a UBI a grande esperança e o pilar fundamental
deste projecto. Dela depende o sucesso deste empreendimento.
Do ponto de vista do crescimento
urbano, há novidades?
C. P. - Dentro de dias
começa a construção de uma nova avenida,
prolongando o TCT e servindo o Hospital Pêro da Covilhã
e a Faculdade de Medicina.
Ao longo desta avenida vão erguer-se 140 residências
universitárias, já licenciadas, para além
das estruturas de apoio comercial. Estamos a falar de investimentos
na ordem dos 2 milhões de contos, que criarão mais
de 150 novos empregos.
Keil do Amaral coordena Gabinete
Quais as intervenções
programadas pela edilidade, de forma a revitalizar a zona histórica
da Covilhã e requalificar as áreas degradadas do
concelho?
C. P. - Dentro de semanas
é instalado o Gabinete de recuperação da
zona histórica, em cujo epicentro estão os Paços
do Concelho.
Será, em principio, dirigido pelo arquitecto Keil do Amaral,
que coordenará uma equipa para intervir nos projectos
de recuperação de edifícios, recondicionamento
de cabos aéreos e antenas, arruamentos e embelezamento
global da área. Por outro lado, já está
a trabalhar o Gabinete GTL das Machedes, no Tortosendo, que apresentará
à população o trabalho feito, em cerimónia
que anuncio em primeira mão e que terá lugar no
próximo dia 8 de Maio, pelas 15 horas. Seguir-se-á
a constituição e arranque do Gabinete de Recuperação
de Cantar-Galo.
No centro da cidade, para
quando os trabalhos de reforço do estacionamento e Rua
Direita?
C. P. - Para já,
está em pleno desenvolvimento o arranjo do largo em frente
à Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
A construção do silo-auto do Pelourinho começa
na primeira quinzena de Maio. Data em que se espera que se inicie,
também, a requalificação da zona envolvente
do Largo da Infantaria, para, depois do Verão e das Festas
da Cidade, arrancarem as obras do Jardim Público e só
depois do Natal, de acordo com a vontade dos comerciantes, a
requalificação da Rua Direita.
O Centro de Artes e o Parque
Desportivo estão para breve?
C. P. - O Centro de Artes
está, neste momento, em afinação de projecto
entre o arquitecto responsável e o Ministério da
Cultura. Até Junho deste ano será aberto o concurso
público internacional. O Parque Desportivo, na sua 1ª
fase, que envolve infra-estrutras, novo estádio e pista
de atletismo, vai para concurso esta semana. As obras estruturais
devem, por isso, começar em breve.
NC / Urbi et Orbi |