Segunda fase do projecto já
foi aprovada
pela União Europeia
Recifes artificiais enriquecem
costa algarvia
Três mil "blocos de protecção",
cada qual pesando três toneladas, e 36 "blocos de
exploração", por sua vez com 40 toneladas
cada, colocados a uma profundidade que vai dos 15 aos 35 metros,
e abrangendo uma extensão que atinge os 35 quilómetros
quadrados. Será assim o sistema de recifes artificiais
que está a ser instalado na costa algarvia, um dos maiores
a nível europeu associado à exploração
pesqueira. Um projecto ambicioso, cuja segunda fase foi aprovada
na semana passada pela União Europeia (UE), e que pretende
melhorar as condições ecológicas de espécies
de peixes com interesse comercial, como é o caso dos robalos,
dos salmonetes, dos pargos e das corvinas.
Os recifes ficarão localizados ao largo de Alvor (Lagos),
Albufeira, Portimão, Faro, Olhão e Vila Real de
Santo António, distribuição determinada
pelas características da costa e por uma planeamento científico
que pretendia potenciar os seus benefícios. Os módulos
de betão são colocados de acordo com um rigoroso
critério de distâncias, ficando os mais pequenos
mais perto da costa, formando "recifes de protecção"
onde é proibido pescar, e os módulos maiores distribuídos
mais a largo, onde se pode praticar uma pesca selectiva.
Ecoturismo: uma possibilidade
vantajosa
Se tudo correr como previsto,
dentro de poucos anos os módulos serão colonizados
por algas e incrustações diversas, acabando por
se inserir completamente no ambiente natural do local.
O objectivo da criação destes recifes é
aumentar os rendimentos da pesca. Em casos experimentais, ficou
provado que a existência de recifes não só
duplica o volume da pesca mas também aumenta os nutrientes
e possibilita a proliferação de peixes juvenis,
que ali encontram refúgio e alimentação.
Estes sistemas possibilitam ainda o desenvolvimento de outras
potencialidades, nomeadamente as turísticas, pois podem
promover-se mergulhos para observação submarina.
A promoção do ecoturismo poderia trazer grandes
vantagens económicas para a região. É também
esta a intenção do Instituto Português de
Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR), entidade
tutelada pelo Ministério da Agricultura e Pescas, que
protagoniza esta iniciativa. Um projecto antigo, que recua a
1990, quando foi efectuado um estudo-piloto na zona da Ria Formosa.
Os bons resultados da iniciativa fazem crer que até 2001
já estejam instalados outros sistemas de recifes artificiais,
num investimento global de 1,5 milhões de contos. |