Ensinar a voar
POR SÍLVIA FERREIRA
Paulo Silva, estudante
na Universidade da Beira Interior, tem a paixão de voar.
Para além de competir em provas de parapente, este piloto
gosta de transmitir aos outros o prazer de andar nos céus.
Foi isso que levou a iniciar um curso de parapente no Aeródromo
Municipal da Covilhã.
Paulo Silva alcançou a
sua melhor classificação até hoje, num campeonato
de parapente. Mas este não era um campeonato qualquer,
tratava-se do Campeonato do Mundo, cuja primeira etapa, de um
total de 5, se realizou em Governador Valadares, estado de Minas
Gerais, Brasil, na segunda semana de Março. Num total
de 125 pilotos, Paulo Silva obteve o 22º lugar e foi o primeiro
dos cinco portugueses participantes na Copa do Mundo.
Estudante no quinto ano de Aeronáutica na Universidade
da Beira Interior, o atleta tem 24 anos e desde pequenino teve
o sonho do voar, testemunho passado por um piloto que sempre
o acompanhou: o seu pai.
A primeira oportunidade para voar surgiu aos 16 anos, altura
em que ingressou na escola de parapente e asa delta do Estoril,
em que frequentou um curso de quatro fins-de-semana. Depois disso
continuou a voar, aperfeiçoou as técnicas com a
experiência, e há quatro anos entrou na primeira
competição a nível nacional, após
o que se achou parte integrante da Equipa Portugal.
Há 2 anos atrás foi à primeira copa do mundo,
sem qualquer tipo de apoio que o ajudasse a suportar as despesas.
A vontade de voar em alta competição falou mais
alto e marcou o início da sua assistência a este
tipo de desafios. "A sensação de voar é
indescritível, tem que se experimentar" - afirma
Paulo Silva.
Um português no Brasil
Com uma das melhores cotações
no ranking nacional - colocado no terceiro lugar da taça
de Portugal -, Paulo Silva não teve dificuldade em, mais
uma vez, ser seleccionado para a Copa Mundo, também pelo
facto de ter sido convidado para fazer parte de uma equipa vocacionada
para alta competição: a Ventus.
Assim foi que este piloto rumou em direcção ao
Brasil, para disputar o melhor lugar num campeonato que durou
quatro dias voáveis, sendo que apenas um terá sido
validado, devido ao tempo chuvoso que se fazia sentir.
Apesar da dura competição, em Portugal, o tempo
de preparação escasseou: "Já não
voava com a minha asa há seis meses, apesar de ser obrigado,
por este nível competitivo, a fazer um investimento constante,
não só a nível de treino, mas também
de equipamento".
Curso de parapente na Covilhã
Para além de voar, Paulo
Silva gosta ainda de poder partilhar este seu hobby, e a forma
que descobriu para o fazer foi estabelecer bases para a criação
de uma escola de parapente na Covilhã. Após ter
sido contactado por alguns interessados, construiu, em conjunto
com Paulo Branco, um colega seu, o sonho de criar uma escola
que ensine a voar: "Dá-me gozo poder transmitir e
ensinar aquilo que eu mais gosto de fazer, e depois ver que as
pessoas aprenderam e gostaram" - comenta Paulo Silva.
Inserido nas actividades do Aeroclube da Covilhã está,
pois, aberto desde Outubro, um curso de parapente a ser ministrado
num mínimo de 4 fins-de-semana das 9h às 6 da tarde.
Os requisitos para o frequentar são, apenas, ter uma condição
física normal e não ter problemas cardíacos.
Para os interessados aqui fica o contacto de um dos monitores
do curso já nosso conhecido, Paulo Silva: 938405926.
O curso tem uma propina no valor de 90 mil escudos, e divide-se
em duas etapas, sendo que a primeira se traduz na aprendizagem
de controlo da asa e o trabalho é todo no chão,
e a segunda no voo propriamente dito, que será feito primeiro
em alturas de 50 metros, aumentando gradualmente até aos
650/700 metros. O curso acaba com a federação do
aluno, assim que este esteja preparado para descolar, voar, e
aterrar sozinho.
O material para a prática do desporto é que não
é barato. A título de curiosidade, o preço
de uma asa de parapente ronda os 400 mil escudos. Ainda este
ano podemos contar com a realização de uma das
etapas do campeonato mundial de parapente em Portugal, na Serra
do Larouco, Montalegre, na terceira semana de Julho. |