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Fartos de promessas

POR RUI LOPES E RODOLFO SILVA

Os estudantes da Universidade da Beira Interior, à semelhança do que se passou um pouco por todo o País, estiveram em luta durante a passada semana. Várias iniciativas foram levadas a cabo, desde a inauguração virtual de uma cantina, até à greve geral dos alunos, passando ainda pelo funcionamento de um café educativo no Pólo IV desta universidade.

Com a organização a pertencer à Associação Académica da UBI, entre 3 e 7 de Abril os estudantes encetaram uma jornada de luta contra a Lei de Financiamento do Ensino Superior. Uma acção que se estendeu a quase todas as academias do país, sinal do descontentamento que grassa entre os estudantes devido, dizem, ao sub-financiamento do sistema de ensino que frequentam. Na UBI não foi diferente. Várias acções programadas pela Associação Académica, que culminaram com a realização de uma greve geral, deram corpo a uma semana especialmente movimentada.

Café Educativo

Uma das primeiras acções que teve lugar foi a abertura de um Café Educativo num dos espaços contíguos ao bar do Pólo Ernesto Cruz, na segunda-feira de tarde, dia 3 de Abril. Este local serviu para a afixação de algum material sobre as questões em debate, as motivações da luta dos estudantes, e ainda para fomentar a discussão em torno desses pontos.
No mesmo espaço, mas no dia seguinte, ocorreu durante a manhã uma sessão de esclarecimento efectuada pelo presidente da AAUBI, Vasco Cardoso, à qual não compareceu grande número de alunos. Na ocasião aquele dirigente associativo aproveitou para esclarecer os presentes sobre alguns dos pontos mais importantes de toda esta luta: a Lei de Financiamento e a Acção Social Escolar.

Cantina Virtual

Um dos pontos altos desta semana de luta foi a inauguração da cantina virtual do Pólo IV da UBI. A iniciativa teve lugar na terça-feira, dia 4 de Abril, num dos pavilhões em frente ao referido pólo, e contou com a presença de quase 200 alunos, aos quais foi oferecida gratuitamente uma feijoada, e esta, ao contrário da cantina, nada virtual.
O evento teve como finalidade manifestar o desagrado de todos os alunos pelo facto de a tão prometida cantina para o pólo do Ernesto Cruz ainda não ter sido construída. Nas palavras de Vasco Cardoso é "inadmissível o facto de uma cantina prometida à quase três anos ainda não ter sido construída". Os próprios alunos também não deixam de manifestar o seu desagrado, como é o caso de Rita Carrilho , aluna do curso de LCP, que garante: " Nós precisamos de uma cantina aqui, e é necessário exigir isso claramente" .

Todos à greve

Na quarta-feira foi dia de greve. A generalidade dos alunos responderam ao apelo da AAUBI, e aderiram em massa ao protesto. Segundo fontes da Associação Académica, a adesão terá sido na casa dos 95%.
No entanto os objectivos pretendidos com esta greve geral não foram totalmente cumpridos, já que era intenção da associação que os alunos em greve viessem manifestar-se para as portas da universidade, de forma a marcar o seu protesto em relação à política de ensino.
Todavia a opção da grande maioria foi ficar em casa e aproveitar a "folga" a meio da semana. Agradado com os índices de adesão estava Marco Antunes, vice-presidente da AAUBI. "Sabíamos que sem fechar todas as portas não se conseguia atingir 100% como em outras alturas, mas adesão está a ser boa." Apesar da resposta dada pela academia, não deixa de apontar o dedo à forma pouco interventiva como decorreu o processo. O ideal seria uma greve de portas abertas "em que os alunos vinham à universidade e ficavam nos corredores. O que pretendíamos era que todos viessem manifestar-se à porta, mas muita gente quando ouve falar em greve logo opta por ficar em casa". Mesmo assim o balanço não é de todo negativo, "têm aparecido alguns, e é mais uma forma de os consciencializar para os problemas de todos" - garante.
Na quarta-feira o cenário na Universidade da Beira Interior era de total abandono em todas as unidades cientifico-pedagógicas. Os únicos a comparecerem às aulas foram aqueles que tinham frequências, ou disciplinas obrigatórias, como aulas de laboratório. No caso dos alunos de Ciências da Comunicação do terceiro ano, com prova escrita de Teoria Política, muitos foram os que optaram por não fazer a frequência.

É preciso continuar a lutar

A importância do protesto era o sentimento geral dos estudantes ouvidos pelo Urbi et Orbi. "Devemos reivindicar até o ministro chegar à razão, que é a nossa", referia um aluno de Gestão. Já para Vânia Caetano, aluna do 3º ano de Ciências da Comunicação, "a luta deve continuar. Apesar de possivelmente ninguém nos ouvir, é um direito nosso continuar a fazer força por melhorar o ensino."
No início da próxima semana uma representação dos estudantes do Ensino Superior irá entregar ao ministro da Educação, Guilherme de Oliveira Martins, um documento com as principais reivindicações saídas do último ENDA (Encontro Nacional de Direcções Associativas).

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