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José Geraldes


"Stress" e humor

O "Stress" tornou-se um hábito da vida moderna. Não há profissão que não se queixe das "angústias" do trabalho. E o fenómeno que atingia as grandes metrópoles urbanas, invadiu também as cidades médias. E as vilas com modelos de vida de "correrias".
As novas tecnologias ainda aumentam mais o "stress": os computadores, as máquinas sofisticadas, o automatismo dos gestos, a exigência das empresas para que a produção aumente para não perder os mercados. Parece que não há tempo para viver, com o "stress" a potenciar cada vez mais o mesmo "stress".
Os professores dizem ter uma vida "stressante". Os alunos repetem-no mil vezes. Os grandes executivos fecham os negócios nos almoços e jantares de "trabalho" para não perderem tempo. Na América, já se inventaram os "pequenos-almoços" para o dia estar mais livre para novos negócios e novos encontros. Sempre com "stress".
Os especialistas profetizaram que o aparecimento das novas tecnologias traria, enfim, o "tempo do ócio" e do prazer de saborear a vida. Afinal, a globalização e a competitividade, a ânsia de ganhar mais dinheiro e o possuir a melhor tecnologia de ponta introduziu no quotidiano do mundo o monstro do "stress".
Novas doenças surgiram de tipo social mental. Novos remédios foram criados para dar estabilidade e equilíbrio aos trabalhadores e decisores. Em tempo recente, tornou-se famoso um produto farmacêutico que era moda tomar para eliminar o "stress".
"A vida que é tão bela", como diz o poeta, perdeu o gosto da aventura diária de se ser mais pessoa na felicidade possível. Pois com o "stress", cresceram também os dramas familiares, as inquietações psíquicas, as relações de trabalho perturbantes, agravados por comportamentos quase incorrigíveis. Afinal, o "stress" eliminou da vida o humor que Aristóteles já definia, quatrocentos anos antes de Cristo, ser a "virtude do equilíbrio entre a seriedade excessiva e a chocarrice tola". O problema é tão grave, nas sociedades modernas, que um livro publicado, há pouco tempo, em França, sobre a auto-estima, já vai em várias edições de centenas de milhares de exemplares e traduções para várias línguas com a tradução portuguesa prestes a sair.
O humor liberta, descontrai e elimina as contradições do indivíduo. E ajuda a encontrar a felicidade. S. Thomas Moro bem o entendeu numa oração em que pedia a Deus o "sentido do humor" e "a graça de entender uma boa anedota para ter alegria na vida". Por isso, rir só faz bem.
A frase de S. Francisco de Sales que se tornou provérbio "um santo triste é um triste santo" confirma isso mesmo. A este respeito, um livro da autoria do pároco espanhol Félix Núnez intitulado Deus é humor, já traduzido em português, serve de cura para os "stressantes".
João XXIII, o Papa do Vaticano II, manteve sempre um aguçado sentido de humor. Cardeal - Arcebispo de Veneza, em vez de escrever cartas pastorais muito extensas, preferia textos breves mas frequentes, onde nunca faltava uma dose de humor. Eleito Papa, o seu secretário, em ar de "stress" pergunta-lhe: - "Santidade, que vamos fazer agora?" Resposta de João XXIII: "Acabar de rezar o Breviário. E não te aflijas, homem, porque a quem fizeram Papa, foi a mim".
Um dia sem um sorriso sabe a um tempo perdido. Até porque um sorriso liberta as tendências do ódio, além de ser um conforto para quem se sente de alma abatida. E o rir de nós próprios acaba por ter o valor de uma terapia nos momentos de não "se estar bem com a vida", no dizer de uma canção brasileira.
O humor constrói amizades. Fomenta solidariedade. Destrói muros de vingança e conduz ao amor.
O "cartoonista" Quique da revista Vida Nueva acertou na solução: "Deus, sendo amor, é humor". E o rir, forma de comunicação humana, acaba com as agressividades. Há os "risos amarelos" mas o bom humor destrói as suas intenções de maldade.
Ao rir e ao humor não há "stress" que resista. Ria, por favor!





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