Comunidade Terapêutica
com resultados positivos
Covilhã no combate
à droga
POR ROSÁRIO COSTA
O flagelo da droga continua
a ser uma das maiores preocupações dos governos,
mas são as organizações destinadas a combater
este problema que mais peso têm. Instituições
como o Centro de Acolhimento a Toxicodependentes (CAT) e Associação
Cristã da Mocidade (ACM) visam apenas um objectivo: acolher
as vítimas da droga e prepará-las para a reinserção
social.
A Comunidade Terapêutica
da Montanha da Covilhã existe há cerca de três
anos e meio. São responsáveis pelo tratamento das
pessoas que ali residem uma médica psiquiatra, um psicólogo
clínico, três assistentes sociais, um licenciado
em política social e um monitor.
Neste momento, estão em fase de tratamento cerca de nove
toxicodependentes vindos das mais variadas regiões do
País. Segundo José Carlos, responsável pela
coordenação da comunidade, "o mais importante
é afastar estas pessoas do meio em que vivem, de modo
a facilitar uma mudança de comportamento". Desta
forma as fases de tratamento que se seguem "poderão
ter uma maior percentagem se sucesso".
Candidatos a residentes
Os candidatos a residentes devem
tomar conhecimento prévio do programa e manifestarem disposição
para o aceitar, cumprindo as regras específicas das diversas
etapas.
O programa de recuperação é constituído
por quatro fases, no decorrer das quais são avaliadas
as dificuldades e traçados os objectivos de mudança.
Normalmente, os candidatos são encaminhados pelos CAT's
locais, onde já tiveram espaço para um tratamento
psíquico-terapêutico. Isto "dá-lhes
motivação para o tratamento que vão fazer
e permite-lhes integrar um programa de estadia prolongada".
A partir do momento que se insere na comunidade, "o toxicodependente
em abstinência começa a participar das diversas
actividades, bem como a cumprir as regras estabelecidas".
Na comunidade terapêutica o dia começa às
8.00h da manhã, e todos recolhem por volta das 23.30h.
Dentro deste horário, os residentes exercem várias
actividades, nomeadamente a nível agrícola, porque
a própria comunidade está inserida num meio rural.
Todavia, e segundo José Carlos, a direcção
da comunidade entende que a actividade agrícola por si
só é insuficiente. Quanto mais vasto for o leque
de funções, mais representativa se torna a comunidade
e, por isso, dedicam-se também à carpintaria e
olaria. À volta dessas actividades, há grupos hierarquizados
onde cada pessoa tem uma responsabilidade específica.
"A motivação é um factor decisivo"
Baseado em dados empíricos,
José Carlos afirma que as pessoas que terminaram o tratamento
na comunidade "não tiveram recaídas",
à excepção de dois casos que, entretanto,
conseguiram voltar a recuperar.
O tratamento tem uma duração de 12 a 18 meses.
Depois de terminado, os residentes regressam a casa, mas continuam
a ser acompanhados por terapeutas. "Normalmente a taxa de
sucesso é elevada".
Os familiares dos toxicodependentes são, na maior parte
das vezes, os que mais pressão exercem, mas torna-se inútil
se as próprias pessoas ligadas ao consumo de droga, não
manifestarem vontade de levar a cabo um tratamento desta envergadura.
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