A economia do conhecimento
Um dos objectivos políticos da recente Cimeira de Lisboa
era desenvolver uma economia baseada no conhecimento, simultaneamente
dinâmica e inclusiva. Na luta pela criação
de emprego, não passou despercebido aos governantes europeus
o facto de que a criação de emprego é nos
nossos dias mais um exercício de massa cinzenta do que
de músculos.
Que se entende por economia do conhecimento? Um exemplo simples
ajudará a entender esse conceito e realidade, melhor do
que muitas palavras sobre teorias, custos de produção,
mercados, e calão técnico afim. O exemplo é
a entrega da declaração de IRS através da
Internet. Dado tratar-se de uma obrigação que recai
sobre quase todos os cidadãos (ou não procurassem
os governos fazer de cada cidadão um contribuinte!) é
um exemplo fácil de entender.
São sobejamente conhecidas as bichas frente às
repartições de finanças nas datas limite
de entrega das declarações fiscais. Perdem-se tempo,
paciência, nervos, dinheiro, com a burocracia de preencher,
conferir, assinar e conferir formulários e mais formulários.
Muitíssimo mais fácil, cómodo, sem esperas
e arrelias, é fazer a entrega pela Internet. Mais simples
para o contribuinte e muito mais rentável para o Estado,
já que o tratamento informático é muito
mais barato do que o tratamento feito a dedo pelos funcionários
do fisco.
Todos ganham com a declaração do IRS pela Internet.
Mas o que é preciso para isso? Conhecimento, saber. Saber
como se mexe na Internet, entender o funcionamento e a lógica
subjacente à comunicação mediada por computadores.
A utilização das novas tecnologias da informação
como um eficaz e económico instrumento de trabalho é
uma parte da economia do conhecimento, mas é apenas uma
parte e nem de longe a mais importante. A mais importante é
seguramente a aposta na criatividade inesgotável do espírito
humano. É que o conhecimento não se esgota. Quem
dá ou partilha um outro bem, fica sem ele ou apenas com
uma parte. No conhecimento, ao contrário, não há
qualquer perda quando se dá. Ensina-se, dá-se informação,
e o saber em vez de se esvair nessa dádiva, em vez de
se perder, pode até aumentar nesse acto, na medida que,
ao ter de formular e de explicar aquilo que sabe, uma pessoa
vê-se impelida a melhor compreender o que explica.
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