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António Fidalgo




A economia do conhecimento


Um dos objectivos políticos da recente Cimeira de Lisboa era desenvolver uma economia baseada no conhecimento, simultaneamente dinâmica e inclusiva. Na luta pela criação de emprego, não passou despercebido aos governantes europeus o facto de que a criação de emprego é nos nossos dias mais um exercício de massa cinzenta do que de músculos.
Que se entende por economia do conhecimento? Um exemplo simples ajudará a entender esse conceito e realidade, melhor do que muitas palavras sobre teorias, custos de produção, mercados, e calão técnico afim. O exemplo é a entrega da declaração de IRS através da Internet. Dado tratar-se de uma obrigação que recai sobre quase todos os cidadãos (ou não procurassem os governos fazer de cada cidadão um contribuinte!) é um exemplo fácil de entender.
São sobejamente conhecidas as bichas frente às repartições de finanças nas datas limite de entrega das declarações fiscais. Perdem-se tempo, paciência, nervos, dinheiro, com a burocracia de preencher, conferir, assinar e conferir formulários e mais formulários. Muitíssimo mais fácil, cómodo, sem esperas e arrelias, é fazer a entrega pela Internet. Mais simples para o contribuinte e muito mais rentável para o Estado, já que o tratamento informático é muito mais barato do que o tratamento feito a dedo pelos funcionários do fisco.
Todos ganham com a declaração do IRS pela Internet. Mas o que é preciso para isso? Conhecimento, saber. Saber como se mexe na Internet, entender o funcionamento e a lógica subjacente à comunicação mediada por computadores.
A utilização das novas tecnologias da informação como um eficaz e económico instrumento de trabalho é uma parte da economia do conhecimento, mas é apenas uma parte e nem de longe a mais importante. A mais importante é seguramente a aposta na criatividade inesgotável do espírito humano. É que o conhecimento não se esgota. Quem dá ou partilha um outro bem, fica sem ele ou apenas com uma parte. No conhecimento, ao contrário, não há qualquer perda quando se dá. Ensina-se, dá-se informação, e o saber em vez de se esvair nessa dádiva, em vez de se perder, pode até aumentar nesse acto, na medida que, ao ter de formular e de explicar aquilo que sabe, uma pessoa vê-se impelida a melhor compreender o que explica.


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