Direcção Geral
de Saúde revela
Portugal tem a maior
taxa
de tuberculose da União Europeia
Portugal é o país com maior taxa de tuberculose
na União Europeia (UE), tendo registado, em 1999, 4.552
novos casos e 560 indivíduos em que a doença foi
reactivada. Os dados, disponibilizados pela Direcção-Geral
da Saúde (DGS), foram divulgados na última sexta-feira,
Dia Mundial da Tuberculose, numa sessão em que esteve
presente o secretário de Estado da Saúde, José
Miguel Boquinhas, e no decorrer da qual foi inaugurado o Laboratório
de Tuberculose do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo
Jorge, em Lisboa.
Apesar da persistência de "alguns problemas emergentes
preocupantes", na última década registou-se
uma tendência decrescente da incidência de casos
notificados. Nos últimos cinco anos, a diminuição
atingiu os oito por cento.
Segundo a DGS, a taxa de incidência de tuberculose por
cem mil habitantes varia entre 13 no distrito de Évora
e 86 no de Faro. Além deste distrito algarvio, estão
acima da média nacional os do Porto, Lisboa, Setúbal
e Braga.
Enquanto a proporção de casos entre a população
imigrante tende a crescer em muitos países europeus e
nos EUA - com Portugal a registar 6,3 por cento dos doentes como
oriundos dos outros países, com predomínio de Cabo
Verde e Angola - os casos associados à infecção
pelo HIV (vírus da sida) tem vindo a "aumentar significativamente".
O número de casos de tuberculose associada à sida
atingiu, em 1999, 12 por cento do total dos casos novos e 18
por cento dos reincididos.
Multi-resistência: um
grande desafio
Segundo a DGS, "as pessoas
com infecção pelo HIV correm um risco cem vezes
superior de desenvolver tuberculose activa do que a população
em geral, e apresentam uma maior tendência para a resistência
aos fármacos anti-tuberculose. A resistência aos
anti-tuberculosos disponíveis tem como principal causa
os tratamentos irregulares e incompletos. Definem-se como multi-resistentes
os casos de tuberculose com resistência a dois ou mais
fármacos.
A DGS revela que a incidência de tuberculose multi-resistente
primária em Portugal é de 1,8 por cento e de tuberculose
multi-resistente adquirida de 20,9 por cento.
Lisboa, Setúbal e Porto são os distritos em que
a taxa de incidência da tuberculose multi-resistente é
"mais expressiva". A multi-resistência é,
aliás, a par com a eliminação da tuberculose
como problema de saúde, o maior dos desafios que movem
os especialistas mundiais no combate à tuberculose, doença
que já foi uma das principais causas de morte em Portugal.
Taxas de cura insuficientes
No que se refere às curas,
a DGS refere que a sua taxa, avaliada desde 1994, "tem sido
francamente insuficiente em relação às metas
propostas, com enormes variações regionais",
pelo que este organismo do Ministério da Saúde
considerou como "alvo prioritário" no plano
de acção dos últimos anos.
Os dados estatísticos disponíveis apontam para
taxas de cura da tuberculose em Portugal de 80,80 por cento em
1994, 75,60 por cento em 1995, 74,20 por cento em 1996, 73,80
por cento em 1997 e 81,96 por cento em 1998.
Geograficamente, o número total de freguesias de alto
risco mantém-se sem variação significativa
desde 1997, com maior concentração na região
Norte, onde situam mais de metade de todas as referenciadas.
Os distritos do Porto, Braga e Faro são os que indicam
a persistência de importantes focos de infecção,
a exigirem uma intervenção de saúde pública
intensiva.
No ano passado, foram registados 1.213 novos casos de tuberculose
no distrito de Lisboa, 1.171 no Porto e 378 em Setúbal.
Évora registou o valor mais baixo: 22 casos.
A tuberculose é uma doença causada por uma bactéria
chamada "mycobacterium tuberculosis", também
conhecida por bacilo de Koch. Dissemina-se através do
ar e as suas lesões localizam-se em qualquer parte do
corpo, mas afectam os pulmões em cerca de 75 por cento
dos casos.
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