Autarquia Volta costas mas
ACM inaugura Lar
É em Abril que
a Associação Cristã da Mocidade da Beira
Interior irá inaugurar as suas novas instalações.
Desta vez trata-se de um Lar Residencial que virá fortalecer
os sectores já existentes na zona do Refúgio. O
director não poupa críticas à falta de apoio,
mas enaltece a cooperação da Universidade da Beira
Interior.
A Associação Cristã
da Mocidade da Beira Interior - ACM vai abrir um Lar Residencial
para Deficientes, no próximo mês de Abril.
O dia não está ainda definido, mas o local será
a sede onde inicialmente iniciaram a sua actividade após
o 25 de Abril, sita na Quinta das Amendoeiras - Refúgio.
As instalações aqui localizadas foram restauradas
e sofrem agora os últimos reparos antes da inauguração.
Todavia, estas reparações, bem como, o funcionamento
do Centro têm sido feitas em simultâneo e no mesmo
espaço devido ao incêndio que recentemente devastou
as instalações da Quinta da Várzea.
A criação deste Lar tem como objectivo a prestação
de serviços em regime de internato ao Cidadão Deficiente
Mental.
Além do Lar, o ACM possui ainda o Colégio de Educação
Especial, um Centro de Emprego Protegido e um Pavilhão
Gimnodesportivo. Para compreender como funciona cada uma destas
áreas e saber quais os seus objectivos falámos
com o director pedagógico, José Maria Simão
Ribeiro. Segundo este "o objectivo primordial do Colégio
é que os alunos desenvolvam ao máximo as suas capacidades
a nível intelectual. Depois, outro objectivo é
a integração no campo laboral e social."
Relativamente ao acompanhamento pedagógico realizado,
primeiro faz-se a selecção dos alunos através
de um teste onde são analisadas as suas capacidades intelectuais
para que posteriormente se formem grupos homogéneos. A
formação dos alunos não passa apenas pelas
aulas propriamente ditas, mas também por outras áreas
como o desporto, os trabalhos manuais e a informática.
"A integração
no mercado de trabalho é difícil"
No que se refere ao Centro de Emprego Protegido, este destina-se
aos alunos que ultrapassaram a fase anterior e se encontram já
com formação necessária para integrar o
mercado de trabalho, sendo remunerados pelos seus serviços.
A formação pode ser efectuada nas seguintes áreas
específicas: carpintaria, têxteis, jardinagem e
prestação de serviços.
Quando questionado acerca da taxa de sucesso deste Centro, José
Ribeiro refere que "a integração no mercado
de trabalho é um pouco difícil porque infelizmente
ainda há uma grande dificuldade de aceitação
e receptividade por parte da sociedade", isto apesar de,
garante, "os nossos alunos não ficarem aquém
dos outros trabalhadores".
Uma das áreas com maior taxa de sucessos registados é
a do Desporto Adaptado. O director executivo, José Torgal
dos Santos Vaz refere que "a competição é
feita em todos os níveis, do local ao internacional, e
todos os atletas são já medalhados." Actualmente,
um dos atletas encontra-se na Suécia para disputar o campeonato
do Mundo de Atletismo. A nível nacional, há um
plano de actividades intenso uma vez que quase todos os fins-de-semana
participam em provas. O último destino foi Vila Nova de
Gaia, na Área Metropolitana do Porto.
Os gastos com estas deslocações rondam por ano
os dois mil contos, contudo, apesar das despesas, "não
obtivemos até à data qualquer apoio financeiro
da autarquia". A coopperação com a edilidade,
segundo aqueles dois responsáveis, não tem corrido
pelo melhor. Um bom exemplo é "o caso da piscina".
Praticar desporto numa piscina é "fundamental para
o desenvolvimento motor destes jovens; porém, a verba
exigida pela autarquia para acedermos às Piscinas Municipais
era insustentável, forçando-nos a recorrer à
piscina de um particular".
Um quarto de século
de história
O funcionamento durante estes
vinte cinco anos foi possível também graças
a uma grande componente humana, nomeadamente terapeutas, psicólogos,
animadores desportivos, cozinheiras, motoristas, auxiliares de
limpeza e pedagógicos. A associação nasceu
"da boa vontade de um grupo de pais com filhos deficientes".
Hoje, continuam a fazer algum esforço para suportar as
componentes humana, técnica e material necessárias
aos cerca de 90 alunos que frequentam a totalidade das valências.
"O orçamento só para o Centro de Educação
Especial ronda os cinquenta mil contos", garantem. Neste
sentido, além do subsídio mensal dos alunos, promovem
iniciativas, nomeadamente as chamadas Exposições
/vendas. Aqui os alunos mostram os trabalhos por eles realizados
obtendo assim verba para comprar novo material.
No final, salientaram a excelente cooperação da
Universidade da Beira Interior referindo-a como "uma Instituição
que está sempre de portas abertas quando é preciso
ajuda."
Sandra Cunha |