"De mãos vazias
para Moçambique"
Relativamente a este artigo, gostaria apenas de chamar a atenção
para alguns aspectos importantes e esquecidos na questão
das campanhas de solidariedade - que estão na moda actualmente.
Na ocorrência de uma catástrofe a tendência
de todos nós é de reagir ajudando. Nada mais humano,
natural e necessário. O problema é que essa ajuda
nem sempre é feita da melhor forma. Vejamos: na ajuda
ao Kosovo surgiu um incidente de que as pessoas se esqueceram
mas que ilustra bem o que quero dizer. Uma associação
pediu às pessoas que doassem cobertores, alimentos, entre
outras coisas. Depois teve imensas dificuldades para fazer chegar
esses bens de 1ª necessidade aos kosovares. Apesar das críticas
e incertezas relativamente ao destino dado às ajudas em
dinheiro, esta opção é sem dúvida
preferível à doação de géneros:
porque é preciso ter um local para receber os géneros
e armazená-los; há sempre o risco de caducidade
de prazos no caso de géneros alimentares e medicamentos;
é preciso transportá-los, o que se já era
difícil e muito caro fazê-lo para o Kosovo, em plena
Europa, imagine-se para Moçambique; e finalmente as dificuldades
de gestão e distribuição dos géneros
à sua chegada, havendo sempre a possibilidade de irem
parar ao mercado negro e alimentarem a economia paralela...
Se as doações forem em dinheiro, o risco de ir
parar às mãos erradas é menor desde que
esse apoio seja entregue a organizações credenciadas
para o fazer e com pessoas no terreno que sabem quais as necessidades
das populações. Além disso, para adquirir
os géneros em falta, fazem-no na região, diminuindo
os custos de transporte e ajudando à economia e desenvolvimento
regionais. Ou seja, uma parte substancial da ajuda vai efectivamente
para as pessoas que dela necessitam e não fica pelo caminho
para pagar o transporte dos géneros.
Depois as pessoas esquecem-se que ao doarem géneros estão
a resolver apenas uma pequena parte das necessidades das vítimas
de catástrofes; o que interessa é resolver as questões
de fundo relativamente ao subdesenvolvimento para evitar ou pelo
menos diminuir as probabilidades de uma catástrofe voltar
a acontecer com a mesma gravidade. Assim, as doações
em dinheiro voltam a ser necessárias: depois de ajudar
no curto prazo é preciso ajudar no médio e longo
prazo dando às populações os meios necessários
para viver (e não apenas sobreviver). É a tal frase
feita de todos conhecida: não dês apenas o peixe,
ensina a pescar. O problema é que as campanhas deste tipo
não chamam tanto a atenção (isto é,
elas são mais necessárias precisamente quando as
águas começam a baixar, no caso de Moçambique)
e as pessoas reagem mais rapida e emotivamente quando a catástrofe
está no seu auge (ou seja, quando as águas estavam
a subir). As organizações que trabalham para o
desenvolvimento e não tanto para a ajuda de emergência
vivem assim com grandes dificuldades. É o caso da OIKOS
- Cooperação e Desenvolvimento. Basta espreitar
a página desta ONG na Internet para ter uma noção
de que dar alguns géneros não é suficiente,
embora apazigue as consciências. É preciso fazer
mais.
www.oikos.pt
Alcina Dourado
Caro Director:
Desta vez não um artigo
mas uma carta. Uma carta para expressar dois desejos:
1- que os professores da nossa
casa continuem a escrever, como o fizeram já neste último
número. Retiro o que disse no meu artigo último.
Fiquei muito contente com isso.
2- um desejo de que os nossos
corpos gerentes reagissem fortemente quanto ao facto de ser agora
o INE que faz os estudos sobre a Industria Têxtil.
Não que não devam publicar os números, mas
dar receitas? Que as empresas só têm três
estratégias possíveis?
Indigna-me porque se inverteu o processo. O INE, como seu nome
indica e um Instituto Publico, por isso pago com dinheiros do
OGE, tem acesso aos números através dos envios
e preenchimento de questionários que elabora.
Com eles, processa os dados e agora faz estudos e vende os dados
as Universidades, depois de eles os terem tratado, pagos a peso
de ouro
(40$00 a fotocopia de uma publicação).
Em contrapartida, no Brasil e aqui nos EUA, os dados são
organizados em tempo devido e oferecidos as Universidades para
que nela se desenvolvam os estudos considerados importantes.
Há aqui uma perversidade que importa desvendar: quem esta
afinal incumbido de fazer estudos científicos?
Pedro Guedes de Carvalho
Olá Professor Fidalgo
Mais uma vez estou a escrever
para dar os parabéns a toda a equipa deste jornal. Apercebi-me
hoje que é semanal, e ainda bem, porque assim posso estar
"perto" da UBI com mais regularidade.
Uma sugestão: porque não abrir um fórum
de discussão onde todos os ubianos e ex-ubianos pudessem
trocar opiniões ou simplesmente "dar sinais de vida"?
Fica esta ideia.
Até à próxima
João Campos
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