Quando a roda não é
redonda
"Exorcizar os fantasmas
da matemática"
A afirmação é
de Natália Bebiano, regente da disciplina de História
e Filosofia da Matemática e autora da exposição
"Quando a roda não é redonda", que decorreu
durante os dias 15 e 16 de Março, no Departamento de Matemática
e Informática da Universidade da Beira Interior.
Integrada nos Dias da UBI, a exposição pretendeu
dar a conhecer o lado mais leve e atractivo da Matemática,
recorrendo a uma mostra de objectos lúdicos que puderam
ser accionados e manipulados pelos visitantes. A própria
exposição foi buscar o seu nome à secção
"Quando as rodas não são redondas", na
qual estão expostos uma série de maquetas de veículos
em que as rodas estão adaptadas a pavimentos específicos.
Recorrendo a cálculos matemáticos, construíram-se
as rodas dos veículos com formas tão díspares
como espirais, trevos ou rectângulos.
Os restantes modelos expostos incluíam objectos em madeira
e figuras geométricas em plástico que ajudavam
a perceber fórmulas matemáticas, e ainda jogos
com títulos tão elucidativos como "Triângalo"
ou "Alimentar os leões".
Assim que a exposição se iniciou, logo o espaço
foi "invadido" por dezenas de estudantes que procuravam
responder aos desafios que os diferentes jogos apresentavam.
Atitude que Natália Bebiano diz ser fruto da forma como
a exposição está ordenada: " Todos
são levados à descoberta através da criatividade,
de um modo lúdico".
Os próprios alunos acabam por ser parte activa do processo,
já que todos os modelos foram construídos artesanalmente
por alunos finalistas do curso de matemática, estudantes
que segundo Natália Bebiano " têm respondido
a todos os desafios de uma forma surpreendente e que supera todas
as expectativas". Já a parte matemática que
se encontra por detrás da construção dos
modelos é da sua responsabilidade e de João Providência
Júnior.
Ano Mundial da Matemática
A autora da exposição mostrou-se
convicta que em 2000, nomeado Ano Mundial da Matemática,
faz ainda mais sentido procurar uma aproximação
do aluno à Matemática e acabar com o seu estatuto
de disciplina mal-amada.
E a forma encontrada para levar os alunos a interessarem-se pela
disciplina poderá passar pela desmistificação
da ideia que a Matemática só vive de cálculos
difíceis e mostrar que esta também está
presente em formatos mais simplificados. Por esta mesma razão,
"os grandes objectivos desta exposição são
antes de tudo criar o espanto e a curiosidade, e num segundo
momento, ir ao cerne da questão e mostrar a matemática
que ali está presente e que poderá assumir um carácter
mais elementar ou mais profundo", revelou Natália
Bebiano.
A terminar, Natália Bebiano explicou que a exposição
" Quando a roda não é redonda" é
a primeira de uma série de iniciativas que se destinam
a comemorar o Ano Mundial da Matemática na UBI e que incluem
ainda um colóquio, um debate subordinado ao tema "Matemática
e Cultura" e uma peça de teatro.
Mostrou ainda a convicção de que é através
de iniciativas deste tipo, que evidenciam os aspectos culturais
e artísticos da Matemática, que se poderá
"conquistar" os mais jovens e incutir-lhes desde cedo
o reconhecimento sobre " a importância que esta ciência
tem no desenrolar na sociedade".
Pedro Jesus
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