Maricastaña, da Universidade
de Vigo, apresenta
"El País
de Las Últimas Cosas"
Uma presença habitual nas edições anteriores
desta mostra de Teatro Universitário, a Aula de Teatro
Universitária de Ourense "Maricastaña",
pertencente à Universidade de Vigo , conta já com
um público conhecedor da seu trabalho e que, por isso,
os aguardava com curiosidade e expectativa.
Definindo o seu trabalho como Teatro de advertência, o
grupo terminou, mais uma vez, a apresentação de
uma peça justamente na cidade da Covilhã. Desta
vez, trouxeram "El País de Las Últimas Cosas",
uma adaptação de uma novela do escritor Paul Auster.
A peça desenrola-se num cenário quase apocalíptico,
num país em que Ana, a personagem principal, entrou, quando
procurava um irmão desaparecido e no qual fica retida.
Neste país das últimas coisas grassa a pobreza
e tudo quanto a natureza humana tem de pior: a violência
e a sede de matar. Ana procura adaptar-se a este país,
onde lhe foram roubados todo o dinheiro e haveres, e ganha a
amizade de uma idosa que sobrevive a recolher o que os outros
deitam fora. Mas neste país, a morte vale mais do que
a vida, pelo que a sua protectora e todos quantos conhece vão
sendo mortos. Apesar de todos estes acontecimentos, Ana consegue
descobrir o amor.
Os treze actores em palco aliaram a representação
a um grande esforço físico, já neste país
das "coisas negativas", todos procuravam escapar aos
que assassinavam por uma peça de roupa e às brigadas
que aproveitavam os cadáveres para combustível,
dando pois origem a frequentes fugas e outros elementos inesperados.
Na conversa que se seguiu ao espectáculo, os actores explicaram
que nas democracias ocidentais tudo parece perfeito, porém
este país das últimas coisas existe no nosso mundo,
visto existirem países em que o terrorismo e o fanatismo
estão na ordem do dia. Se olharmos para trás quatro
décadas, ou se "pousarmos o nosso olhar" a 2
mil ou a 3 mil quilómetros de nós, vemos que existem
pessoas que sobrevivem a recolher o lixo que vem do Ocidente
e que não têm segurança nem acesso à
realização das necessidades mínimas".
Pedro Jesus |