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São ou não são, eis a questão

"Tribute to Vítor de Sousa" foi uma homenagem a Vítor de Sousa. Com pouca afluência por parte do público, assim decorreu a apresentação do Teatro Universidade do Minho (TUM) à Covilhã, dia 14 de Março. A exibição do filme "À procura de Ricardo III" estendeu-se até à uma hora da madrugada.

O título e a sua integração num festival de Teatro foram de certa forma enganadores. Se por um lado foi um tributo, por outro não se pode dizer que tenha sido Teatro. Foi sim um recital de poesia pouco convencional.
Os cinco actores, que gostariam de ser tratados por "Vítor de Sousa's Gang" ou "Os Irmãos Catita da Poesia", passeavam-se pelo meio das cadeiras com sacos de livros, que trocavam entre si, e liam excertos de poemas aos presentes que iluminavam as folhas com lanternas, numa aproximação física que tornava o acto intimista. A dada altura, dois dos elementos do TUM sobem às bonitas grades que decoram o Hall do Teatro Cine da Covilhã e improvisam uma paródia acerca de Hamlet.
Sobre o espectáculo, estreia absoluta, valha-nos a regalia, Alaíde Costa, Dulce Ribeiro, "Micha", Jorge "Louraço" e "RC" justificaram não estar inicialmente prevista a integração num festival de Teatro, nem tão pouco no seu contexto: "Não é uma peça, é uma missão".
"A ideia era surgir perto das pessoas, de forma descomprometida e descontextualizada, em situações tão absurdas como a fila de pagamento do hipermercado ou do take-away, e mostrar a poesia e oferecer a palavra", afirmou Dulce Ribeiro, actriz e estudante.
O que apresentaram na noite de terça feira pretendeu ser "uma desmistificação da declamação formal" sustentada por uma "paródia saudável ao cenário". O palco como adereço, decorado com pano preto, velas, uma cadeira e uma flor, serviu como reforço do personagem não estático ali personificado pelos cinco actores. "Pretendemos acabar com o actor anémico e autista, por isso tentamos recriar a relação amor/ódio que o poeta incute na sua obra", resultante da cuidada escolha pessoal de cada um dos actores.
Seguiu-se a projecção do filme de, com e por Al Pacino, "À procura de Ricardo III", da responsabilidade do CineClube Universitário da Beira Interior. Este filme documentário constitui uma importante lição sobre a dicotomia entre o Teatro tradicional e o moderno. Uma forma simplificada de ver e gostar de Shakespeare, uma aproximação do espectador de cinema americano à tradição teatral shakespeareana.
Estava também prevista uma conferência sobre Teatro, conduzida pelo encenador belga Harvey Grossmann, que não chegou a realizar-se.

Raquel Fragata






 
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