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Os concertos
do Orfeão inserem-se numa estratégia de humanização
do Hospital da Cova da Beira, apreciada por doentes e funcionários
Utentes satisfeitos
Várias são as opiniões
dos funcionários, dos doentes e das visitas acerca desta
nova forma de ver um hospital, mas a maioria concorda que se
deve proporcionar um ambiente diferente àquela casa.
Questão colocada: "Concorda com as actividades desenvolvidas
pelo hospital para os doentes?"
José Valério, proprietário do quiosque do
átrio, diz que "devia haver sempre coisas destas,
pois embora o pessoal não esteja adaptado para isto porque
só quer pimbalhada, com o tempo vai-se lá!".
Carla Fazendeiro, funcionária da portaria principal, afirma:
"Acho que o hospital deve continuar, pois é uma forma
dele colaborar com as pessoas, agradando-as e preenchendo o seu
tempo. Também ajuda a distraírem e conviverem quando
vêm ver os seus doentes".
Maria de Jesus Teixeira, visitante, diz achar "bem para
os doentes que possam assistir e que se divirtam, mas para os
visitantes acho o local impróprio, pois não é
propriamente um local de diversão".
António Duarte, visitante, afirma "é boa ideia
para certos doentes desde que não prejudique os outros,
mas penso que há falta de disposição das
visitas que tenham doentes em pior estado".
Margarida Soares, visitante, já assistiu a alguns concertos
e diz que "está muito bem para não se estar
debaixo desta tensão nervosa e para distrair. Aliás
já estive internada noutros hospitais que faziam o mesmo
e concordo plenamente com isso".
João Inácio, visitante, concorda, mas refere que
"vem muita gente de fora e à hora que é não
dá muito tempo para se ficar aqui, pois há os transportes
e viagens longas para fazer. Para os doentes acho óptimo,
para aliviar a dor".
Regina Saraiva, ajudante na cozinha, afirma: "Por estarem
doentes não quer dizer que estejam enfiados numa cama,
não deve ser só tristeza, é preciso esquecer
a doença. É bom para reanimarem e para não
se sentirem rejeitados".
Raul Rodrigues, internado na secção de medicina,
refere que "fazem bem, é um meio do doente se sentir
melhor. Eu não pude ir assistir ao concerto pois tinha
a perna inchada, mas se não fosse isso, tinha ido. Nós,
doentes, temos que nos distrair para sairmos do stress de estarmos
aqui metidos. Estou de acordo, não incomoda nada, pois
o barulho não se ouve nas enfermarias".
Ana M.ª Santos, internada na secção de cirurgia,
diz: "Acho bem para quem pode. Eu nem sempre posso, devido
ao meu estado, mas quando puder hei-de ir". |
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Humanizar é preciso
Concerto anima hospital
O Hospital da Cova da Beira encheu-se,
mais uma vez, de música e alegria com o concerto do Orfeão
da Covilhã que, no horário de fecho das visitas,
divertiu quem pelo hall passava. Este espectáculo de passado
Domingo está inserido nas várias iniciativas culturais
que aquela unidade de saúde organiza para, aproveitando
as novas instalações, dinamizar e humanizar uma
casa que é de todos.
Incentivar o trabalho dos funcionários,
a vinda dos utentes, e tornar a estadia das pessoas internadas
mais agradável são os objectivos deste ciclo de
iniciativas do novo hospital, que prevê prolongar estas
actividades até ao final do ano. O programa é gerido
por uma comissão instaladora de humanização
constituída por médicos "atentos às
novas realidades", que "procuram fazer algo positivo
para o bom funcionamento desta instituição".
Para dar vida e dinâmica a uma casa que é vista
pelas pessoas como "fria, mórbida e triste",
a comissão está a promover actividades que suscitem
sobre esta um novo olhar. Entre estas destacam-se: exposições
das artes da região, com peças de artesanato, pinturas
e retratos (feitos por particulares, escolas ou outras instituições);
concertos musicais com coros da região; teatro; ballet
e fantoches, estes sobretudo no serviço de pediatria,
para animar as crianças.
De acordo com Sofia Craveiro, técnica do gabinete de relações
públicas do hospital: "O objectivo é não
só promover o hospital, mas também as pessoas da
região que aqui podem mostrar o seu trabalho e ajudarem
a criar uma visão mais optimista desta casa".
A maior parte destas acções desenrolam-se no átrio
do edifício, e perto do final das horas de visita, para
proporcionar momentos de alegria aos doentes que se podem deslocar,
e também aos familiares, que aproveitam para ficarem mais
tempo junto deles.
Como explica Sofia Craveiro, "a ideia é que os doentes
que podem, desçam das enfermarias e vivam estes momentos
para espairecer e descontrair. Simultaneamente, aproveitam mais
um pouco a companhia da família".
Apostar em acções sobretudo ao fim de semana é
o que se pretende, pois "é quando há um maior
número de visitas, de modo a que elas comecem a sentir
a rotina e a reparar que há sempre algo novo no local".
Ainda à experiência
Estas actividades, planeadas ainda no antigo
hospital, mas sem condições para aí se realizarem,
"ainda estão à experiência, pois embora
as pessoas estejam a gostar e a mostrarem-se interessadas, ainda
não estão habituadas a este tipo de iniciativas".
Segundo Sofia Craveiro, "estamos a tentar dar às
pessoas algo que é inovador na região. É
natural que, por isso, as pessoas ainda não estejam muito
receptivas, mas estamos a educá-las para esta nova realidade,
que já não passa despercebida".
Para além das actividades já em prática,
outras há ainda no papel, mas que também se direccionam
ao bom funcionamento e atendimento desta instituição.
Do que foi adiantado ao Urbi destaca-se um boletim interno com
informações e notícias do hospital, tendo
um espaço para todos poderem expor as suas queixas, problemas
e sugestões, e a futura página na Internet. Contudo,
quem entra no Hospital da Cova da Beira cedo fica a conhecer
as instalações e equipamentos nele existentes,
graças aos computadores dispostos pelo local e a um CD-Rom
que vai mostrando imagens do seu interior e da região.
Saído de uma estrutura velha e pesada para uma totalmente
oposta, onde a inovação e a leveza são notáveis,
este hospital, inaugurado no dia 17 de Janeiro deste ano, "pretende
melhorar o tratamento e o atendimento de todos os que dele usufruem,
de modo a que se sintam acarinhados e bem recebidos". "Queremos
humanizar os cuidados de saúde para que as pessoas vejam
que há quem trabalhe para elas", garante Sofia Craveiro.
Direccionadas sobretudo aos doentes, aos familiares e a toda
a comunidade, estas acções de animação
cultural também pretendem atingir os próprios funcionários
da casa, de modo a que eles façam o seu trabalho com mais
motivação e interesse. "O importante é
humanizar e incentivar os funcionários a darem o seu melhor,
para que as pessoas se sintam bem num hospital que queremos que
seja o melhor do país".
Rita Lopes
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