A água elementar
A Barragem do Sabugal foi inaugurada na
semana passada e da inauguração falaram e bem jornais,
rádios e televisões. À notícia nada
há a acrescentar. Capacidade de 114 milhões de
metros cúbicos de água, passo fundamental no Regadio
da Cova da Beira e do desenvolvimento regional, espera de trinta
anos do primeiro-ministro António Guterres. O que se pode
e deve fazer é salientar a importância do elemento
água para o Interior de
Portugal.
Terra, ar e água são os nossos elementos, o que
não pode faltar mesmo quando falta tudo o resto. E recordá-lo
nunca é demais, sobretudo quando, à força
de pedir e exigir estradas, fábricas, hospitais e demais
meios e símbolos do progresso, se corre o risco de esquecer
o elementar. Justamente por muitas vezes os elementos terem sido
esquecidos é que hoje o ambiente é um dos sectores
mais importantes da economia e da política.
Com um clima de grande incerteza pluvial, de que o presente tempo
seco e quente em pleno Inverno é prova provada, as barragens
hídricas são condição imprescindível
de assegurar o essencial e, assim, um desenvolvimento sustentado
para o Interior. O próprio consumo doméstico não
fica salvaguardado sem o recurso a albufeiras. Que o diga a cidade
da Covilhã que vive o sobressalto de quem dispõe
apenas de uma pequena barragem.
De água precisam também os campos. Pode a agricultura
pesar cada vez menos na nossa economia, podem os nossos supermercados
abarrotar de produtos hortícolas vindos de muito longe,
mas na agricultura assenta a nossa cultura e dessa não
queremos nem podemos abdicar.
Para lá disso, as barragens são os nossos lagos
com o que significam de qualidade de vida e de potencialidade
de lazer. Para quem vive longe do mar, é nas águas
das barragens que o homem espelha o céu.
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