Na sua primeira participação
UBI aquece motores
para Shell Eco-Marathon

Todos os anos a Shell organiza três provas automobilísticas onde objectivo é percorrer o maior número de quilómetros com um litro de gasolina. Estas provas, voltadas para as escolas, e também aberta a independentes, chamam-se Shell Eco-Marathon. Este ano serão realizadas em França, Inglaterra e Finlândia, e contarão com a presença de um carro e uma equipa em representação da Universidade da Beira Interior (UBI).
A melhor marca até agora conseguida é de 1917 quilómetros, percorridos com apenas um litro de gasolina. Contudo, além da economia, serão avaliadas outras componentes quer do veículo, quer da equipa, como a inovação, a utilização de novos materiais, o "design", e a comunicação que envolve todo o projecto.
Ao volante do "maubere", nome atribuído à viatura em homenagem ao povo timorense, a UBI procura acima de tudo "marcar presença, e abrir caminho para participações futuras" afirmou Luís Carrilho, vice-reitor da UBI, e responsável máximo pelo projecto.
Apesar de estreantes, Luís Carrilho não afasta as esperanças de uma boa classificação: "Há sempre a ilusão de poder conquistar algum prémio" disse. No entanto, em sua opinião, "o prémio principal, na componente no consumo, encontra-se num nível muito elevado, o que faz com que seja o mais apetecido, mas também o mais difícil de conquistar".
Luís Carrilho garantiu ainda que a equipa da UBI "fará todos os esforços, em termos de aerodinâmica e da concepção do veículo, para que esta estreia seja o ponto de partida para futuras participações, nomeadamente para o próximo ano".

"Caro mas compensador"

Os custos desta iniciativa, que ficarão a cargo da UBI, ainda não estão definidos, mas já se sabe que será um projecto caro. Contudo, na opinião de Luís Carrilho, "aquilo que se gastar, uma vez que a iniciativa tem um sentido pedagógico e inovador, ganha-se em termos de motivação de alunos e docentes". Por isso defende que "a universidade deverá apostar sempre neste tipo de iniciativas".
A equipa apostará ainda na publicidade, tendo já garantido o patrocínio da Fundação de Ciência e Tecnologia, da Câmara Municipal da Covilhã, e da Caixa Geral de Depósitos.

Experiência precisa-se

As principais dificuldades que a esquipa da UBI tem enfrentado até agora relacionam-se com a falta de condições de trabalho, nomeadamente uma oficina onde se possam desenvolver as mais importantes etapas da construção do carro, a limitação de tempo, e a organização de uma vasta equipa que conta com mais de vinte pessoas.
Segundo Telmo Martins, aluno da UBI e participante no projecto, "o principal problema prende-se com o facto de ser a primeira vez que se desenvolve um trabalho deste tipo, o que traz sempre problemas". E acrescentou, "em consequência da falta de experiência, cometem-se erros que outras equipas eventualmente mais experientes não cometerão".

Guiar a máquina

A primeira prova a decorrer entre os dias 18 e 22 de Maio no circuito de Paul Richard em França será o primeiro teste para a equipa da UBI. Desde já estão garantidas as inscrições nas três provas, sendo a prestação na primeira determinante para a ida ou não às outras duas.
Entretanto, para conduzir o "maubere" a um bom resultado, é necessário um piloto. Este deverá ser o mais leve possível, com um mínimo de 45 quilos e de 13 anos de idade. As inscrições estão abertas, podendo os candidatos serem alunos da UBI, ou de qualquer outro estabelecimento de ensino da Covilhã. Aliás o objectivo será recrutar mais de um candidato, a fim de permitir testar diferentes pessoas e permitir uma melhor relação piloto/máquina. O facto de haver três provas em locais diferentes será ainda uma boa razão para constituir uma equipa de dois ou mais pilotos.
Entretanto e como resultado dos testes já efectuados, apenas ao "chassis", conseguiu-se percorrer 200 km com um litro de gasolina.
Esta prestação, visto ter sido conseguida sem preocupações de aerodinâmica, sem pneus especiais, nem outros componentes essenciais na optimização do consumo, foi, para Luís Carrilho, "um óptimo começo".

Pedro Machado